E de uns dias para cá surgiram os defensores apaixonados do foie gras, que devem até passar no pão, de manhã, tal a familiaridade.
Acontece que o prefeito de São Paulo proibiu o foie gras.
Bem, como ninguém fala, falo eu defesa do prefeito e seu hábito de promover mudança de hábito.
Primeiro, foi o Bilhete Único valendo para todo transporte público.
Depois, as faixas para ônibus atrapalhando os automóveis.
E o plano diretor prevendo prédios com poucas garagens e comércio embaixo.
E ainda as ciclovias, que levaram o seu Ramos, do salão de barbeiro aqui perto de casa prestar queixa numa delegacia.
Para terminar, o foie gras…
Bem, depois do domingo com a ciclovia na Paulista, parece que ninguém mais falará mal delas.
Ao contrário, o pessoal quer é tirar os carros de lá aos domingos.
Mas o foie gras…
É o seguinte: nunca soube de prefeito disposto a mudar nossos hábitos.
Todos, sem exceção, nada mais fizeram senão acentuar o uso dos carros e das vias.
Haddad é o primeiro a jogar seriamente, profundamente, sobre a aquisição de hábitos mais saudáveis, mais sustentáveis, digamos assim.
Daí o foie gras.
Atinge um número mínimo de pessoas, sim. E deve ser um número pequenos de gansos também. Mas justamente…
Trata-se de um símbolo da necessidade de mudança. Um símbolo, não mais.
Não se proibir o hábito de comer frango. Não já, em todo caso.
Todos sabemos que o tratamento dado às galinhas não é melhor do que o dado aos gansos, provavelmente é pior (ver: “Fuga das Galinhas” ou a granja como campo de extermínio).
Mas começamos a pensar nesse tipo de coisa a partir do foie gras.
Na necessidade de mudar certos hábitos se quisermos sobreviver por um tempo razoável.