Não é para me gabar – não mesmo. Isso que Richard Peña, o ex-curador do Festival de Nova York diz na Ilustrada de domingo não é nenhuma novidade. A menos que se usem os antolhos, era fácil ver que o cinema dito independente americano teve um momento, ainda no fim do século passado: era algo(…)
Muylaert e Casé
Se há uma coisa que funcionou em “Que Horas Ela Volta?” é o encontro dos estilos de Regina Casé, expansivo, e Anna Muylaert, todo feito de contenções. Me parece que o filme também funciona muito bem até determinado ponto. Por exemplo, ao explorar os mesmos temas que sempre foram caros à autora: a casa, as(…)
Filhos de Frankenstein
Gêmeos univitelinos podem ser inquietantes: parece que vemos seres que se duplicam. Os gêmeos de David Cronenberg, agora num belo DVD, cheio de extras (inclusive um sobre os efeitos especiais que permitiram a Jeremy Irons contracenar consigo mesmo), são, claro, ainda mais inquietantes. Eles partem desse incômodo e, aliás, trabalham um monte sobre eles: qual(…)
Drive-in
Sim, é verdade, existe uma ponta de nostalgia em “O Último Cine Drive-in”. Um quê de Cinema Paradiso, com essa atmosfera de fim de era. Também pelo título lembra A Última Sessão de Cinema. Me parece, no entanto, que isso não é essencial no filme de Iberê Carvalho, filme de estreia, diga-se. Existe ali uma(…)
De Irlanda e Argentina
“Las Insoladas” é um filme inquietante – e isso já é uma espécie de elogio. Um grupo de jovens mulheres se reúne no alto de um edifício de Buenos Aires para conversar e tomar sol. São loucas pela salsa e pelo sol. Deploram a invernal Buenos Aires e as praias geladas do sul. São(…)
Pontos cegos
Ah, adoro os especialistas. Eles parecem estar por toda parte. Me lembram os “profissionais da profissão” de que Godard falava. São os “especialistas do especialismo”. Palpitam. Um deles, especialista em mobilidade, condena a ciclovia sob o Minhocão porque “ali, nas colunas, um não vê o outro”. Deixa eu tentar entender: a ciclovia é nos baixos(…)
Cultura ou ex-Cultura
Ex-Cultura? Primeiro o Metropolis encostou o Manuel da Costa Pinto. Seu programa literário, aliás, já tinha sido suspenso. E pouco depois saiu a Marina Person. O programa seguirá, mas capenga. Os filmes da Mostra Internacional de Cinema já não passam lá, e com isso sai de cartaz uma alternativa importante de exibir em TV(…)
Laranja Mecânica
O fabuloso filme de Kubrick nos fala, em suma, uma maneira de combater a violência anárquica, perversa, com violência oficial. Uma ficção, certamente. Agora, no mesmo dia em que vejo um belo programa sobre o filme da série “Filmes que Marcaram Época”, do canal Curta!, vejo no telejornal que agora se difundem no Brasil os(…)
Algumas mudanças
Alguém terá notado que não escrevi muito nos últimos dias. Aliás, bem pouco. Mas existe algo de terrível quando você vai pintar a casa morando lá dentro (quase sempre). E num julho frio. O que significa frio, branco, solidão – uma série de coisas que me faziam lembrar o enlouquecimento do cara de “O Iluminado”.(…)
Bomba! Bomba!
Era o que dizia Ibrahim Sued na TV, para anunciar uma notícia tida por ele como espetacular, o que nem sempre era o caso: Bomba! Bomba! Então há umas coisas fantásticas na polícia. Bomba semântica. Quer dizer que se o cara joga uma bomba num instituto ligado ao Lula ele é um arruaceiro. E se(…)