Algumas previsões baseadas pelo que se diz na TV sobre o retorno do país ao equilíbrio (baseadas no fato de que, gripado, a única atividade intelectual, digamos assim, à minha disposição é ver televisão):
1. Dilma cai; não será presa nem investigada ou algo assim. Por corrupção em todo caso.
2. Corrupção: operações da PF vão ficar muito mais mansas. Lava Jato já atingiu basicamente o seu objetivo. É preciso retornar à ordem, e que as empresas retomem o Cartel para o bom andamento dos negócios. O vazamento de delações será reprimido. E, mesmo que não o sejam, não se dará mais bola a eles. Sergio Moro voltará a um quase anonimato.
3. A ideia dominante será a de que nunca houve pagamento de propinas a funcionários estatais. O que houve foram empresas idôneas, chantageadas e achacadas por funcionários a serviço do governo, forçadas portanto a pagamentos arbitrários, que elevavam o custo das obras. Não se encontrarão maiores evidências de prática de cartelização ou fraude de concorrências.
4. A outra operação, que tinha por objetivo investigar casos de corrupção envolvendo fraudes em impostos, se concentrará em seu objeto final: o bote do Lula e seus 4 mil reais. A recuperação dos impostos surrupiados, objeto inicial… Era esse o objeto inicial? Já não estava lembrado.
5. O célebre pagamento das palestras a Lula será esquecido, a menos que Lula escape da prisão por compra de bote e manifestação de interesse por um apartamento em Guarujá. Isso dependerá de o quanto a prática do Juízo de Intenção (adivinhação sobre possíveis intenções malévolas de tais ou tais atos) continuará em vigor (não se trata de prática prevista por lei; é condenada em geral, mas pode, conforme o lugar e a hora, ser instituída).
6. O dinheiro de impostos do CARF a ser recuperado ou repatriado continuará em segundo plano. Esqueceremos disso. Algumas migalhas poderão ser pedidas como ressarcimento.
7. O tema da moralidade pública será encostado em vista da necessidade de todos os esforços serem voltados à retomada do crescimento etc.
8. Retorno à política de administração das aparências.
9. Como contribuição do PSDB, uma nova ideia: passar empresas públicas nos cobres. Ah, e claro, contribuição à administração das aparências, que tanto funciona em governos estaduais desse partido. Os vícios são públicos; as virtudes, privadas (e privatizadas, se possível).
10. Deixar intacto o que houve de bom no governo do PT, a saber: nada de novas faixas de impostos (para os ricos pagarem mais), nada de mexer (diminuindo) os impostos sobre consumo, nada de CPMF. Previdência: pode ferrar os velhinhos.
11. Educação e ciência: desestímulo às carreiras de Humanidades. Incentivo à “pesquisa Prática”.
12. Trabalho: flexibilização da CLT; facilidades para demitir.
13. Ah, claro, Eduardo Cunha: passado o estado emocional exacerbado do momento, será condenado a penas leves. Continuará a comandar a estratégia de instauração, formal ou não, de uma república evangélica.
Como os videntes do amor: pagamento somente após o resultado.