E de repente começam a entrar uns filmes bons. E eu até fico meio assustado, pensando que comecei a gostar de qualquer coisa, mas não.
Deixei passar um pouco o espetáculo de horror da Câmara para chegar a “Sinfonia da Necrópole”.
É inventivo, ousado, talentoso e, acima de tudo, consegue sobreviver a toda essa clicheria que eu acabo de enumerar acima, mas que expressa bem, sem que eu me esforce muito, e ainda usando a retórica publicitária, o quanto me impressionou o filme de Juliana Rojas.
Ela foi coautora de “Trabalhar Cansa” e agora volta solo. Um musical de humor negro? Que seja. É difícil definir.
Mais interessante: um filme que vai tratar de especulação imobiliária a partir da falta de espaço nos cemitérios.
Em São Paulo, os Filmes do Caixote não me decepcionam. Não decepcionaram até hoje. São gente de cinema. Não profissionais da profissão. Só não entendo o lançamento pífio, pequeno, mirrado mesmo: era um filme para ter grande alcance. Entrou com duas sessões na sala 4 do Espaço Augusta. Isso é que é não ter fé num filme.
E nem foi ao Belas Artes, que, suspeito, seria o melhor lugar para este filme.
Enfim…
Acquarius
Até que enfim o Brasil emplaca uma em Cannes. E um filme do Kleber Mendonça, o que é notícia ótima, porque significa que ele superou bem esse trauma de ter um primeiro filme jogado nas nuvens.
Bom augúrio, também.
Os estrangeiros
Ave, César! é divertido. Seria mais divertido se mantivesse o título de Hail, Caesar!, com essa mistura de Roma e Alemanha nazista, num estúdio de Hollywood.
Os Coen são mesmo sugadores. No caso, das histórias de Eddie Mannix, o poderoso da MGM dos grandes dias.
Mas fazem com que tudo seja divertido e nos dão a casca do que seria o funcionamento de um grande estúdio ali pelos anos 1950.
Diverte bem e por momentos é instrutivo. Para o público de dentro, que conhece um pouco o funcionamento dos estúdios, é uma graça.
Mas, bem à maneira de Mannix, famoso por proteger suas estrelas, o filme o protege bastante.
Bem, continuo em breve.