É comovente o blu ray que acaba de sair do “Metropolis”.
O novo restauro acrescentou aqueles 20 minutos que foram encontrados na Argentina há uns dez anos, quase isso.
E a cópia nova vem, como o próprio nome diz, nova.
Com a música original e tudo.
E um extra sobre o restauro, que foi uma dureza, porque a cópia argentina estava no bagaço.
Mas essa é uma beleza incomparável do cinema: você pensa que algo não existe mais e de repente ela ressurge.
Aliás, uma coisa que se mostra nos extras é uma sessão a céu aberto, em pleno inverno, e aquela gente toda na praça.
Também comovente é Lua sobre o Harlem.
Edgar G. Ulmer trabalhando com um orçamento ridículo.
Roteiro cheio de lacunas que a gente não sabe se vieram do original ou se não deu para filmar por falta de tempo/dinheiro.
E, no entanto, apesar de tudo, Ulmer tira dali uma visão da vida no Harlem.
Tudo é muito convencional, de certa forma: há a mulher que casa com o gângster; o gângster que dá em cima da enteada; o rapaz de bem que quer ser a liderança do Harlem, botar os negros por diante, e casar com a garota.
Mas isso não vale certas reuniões entre as pessoas do lugar, onde os problemas que vivenciam aparecem em sua especificidade, por exemplo.
Um cineasta de muito talento.
Restauro
Quanto à questão do restauro, eis um bonde que o Brasil está, para variar, perdendo.
Só se restaura, a rigor, o oficial da história oficial.
Só há editais para fazer filme, filme, filme.
Mas nem se percebe que o valor comercial dos restauros hoje em ddia é efetivo, se faz cada vez mais, importa sempre mais.
Aqui a gente tem, de repente, o trabalho do Rafael de Luna reencontrando o Gerson Tavares.
Mas há tanta coisa a ser salva, recuperada, revista…
Cidade Nua
O filme do Jules Dassin saiu na caixa Filme Noir 5, da Versátil.
Eu nunca tinha visto. Não gostei do começo.
Ou por outra, tem aquele quê inovador que faz furor no seu momento e depois vira uma velharia.
Mas depois o filme engrena, fica espetacular.
Como “Rififi”, mais ou menos.
Um filme pouco conhecido dessa caixa é “Cidade do Vício” (The Phenix City Story), do Phil Karlson.
O Scorsese fala bastante sobre ele, e com razão.
Trash Talking
É o nome que se dá, no esporte, às provocações que os jogadores se trocam o tempo todo, com o objetivo de desconcentrar o adversário.
Funciona muito no basquete, em que há jogada após jogada.
Mas mesmo no futebol dá para lembrar daquele lance em que o Zidane saiu correndo atrás de um jogador italiano, numa final, se bem me lembro, de Copa do Mundo.
Pois o que mais me cai sob os olhos (e cai mesmo!!! não procuro) nessas redes sociais é trash talking.
Gente se provocando, falando isso e aquilo sobre o outro.
Por vezes pessoas de talento, o que torna a provocação divertida.
Muitas vezes pessoas que se acham muito brilhantes, o que torna as coisas um tanto flatulentas, grosseiras.
A maior parte do tempo são mesmo idiotices.
Quando eu tomar o poder (o que parece a cada dia mais plausível, já que o número de pessoas envolvidas em sujeira cresce dia a dia), acho que já tenho duas medidas prontas para o meu programa de governo: proibir a televisão e a interatividade na internet.
A terceira e mais antiga medida, que era proibir as kombis, caiu em desuso.