Foi um pouco por causa das vertigens que fiquei em casa no fim de semana da Páscoa, o que me deu oportunidade de conferir alguns DVDs.
Dei uma pausa nos terrores da Versátil para ficar com um filme de Edgar G. Ulmer lançado pela Lume.
Chama-se “Estranha Mulher”, o que é fiel ao titulo original, mas bem inferior ao título brasileiro dos cinemas, “Flor do Mal”.
Diz o Ulmer que o filme foi produzido pela própria Hedy Lamarr e é certamente aquele com mais recursos de produção em toda sua vida, com a possível exceção de “O Gato Preto”.
O IMDb registra uma co-direção, não creditada, de Douglas Sirk. Não encontro referência a isso em filmografia do Sirk e o próprio Ulmer não toca no assunto.
O fato é que é um melodrama bravo, sobre uma mulher pobre e linda, que decide usar a beleza para se tornar rica. Casa com um velho rico, mas se apaixona pelo filho dele. E depois pelo capataz, o George Sanders. Induz o filho a matar o pai e depois faz com que ele acredite que é o culpado.
E por aí vamos.
Não é o que interessa. Ulmer não o lista entre seus melhores filmes e tem razão. Mas não tanta. É uma lição de como mover a câmera digna de um aluno do Murnau. A cena de abertura já dá ideia disso. Mas o melhor momento é, me parece, a cena em que Hedy sai de um cômodo no andar inferior e a câmera a leva até a parte de cima da casa, com uma elegância nada exibicionista.
Mesma coisa para a entrada espantosa de George Sanders, quando o velho, o marido, o Gene Lockhart, enfim, tem um troço e cai da escada em frente à casa, bem quando George entra em cena.
Uma maravilha, enfim, no lodo de um melô sinistro.
Acho que o filme é prejudicado pelos 100’ de duração.
Ulmer fazia uns filmes de 60, 70 minutos. Essa meia hora pesa e produz certa monotonia. Como se precisasse de algumas elipses daquelas de seus filmes Z para dar certo.