Mais luz, mais luz

Por Inácio Araujo

Como todo mundo sabe, entendo que Fernando Haddad é um belo prefeito. O primeiro, que eu me lembre, a tentar mudar nossos hábitos paulistanos (carro, pressa, intolerância ao pelo outro, por exemplo).

Claro, todo mundo chia:acha que é essa coisa de ciclovia é um atraso, que os ônibus prejudicam o bom trânsito, que não é preciso reduzir a velocidade, porque quem é esperto saberá fugir do atropelamento, que misturar pobres e ricos é coisa doentia, etc.

O pessoal em parte é contra ele porque é contra o PT, mas nem se dá conta que suas políticas quase sempre vão na contramão do que o PT tem feito.

Por exemplo: em vez de incentivar a compra do carro próprio ele restringe o número de vagas nas ruas e nos edifícios. Em vez do carro, preconiza andar a pé ou de bicicleta, quando nao de metrô ou ônibus.

É, portanto, contra esse sonho maluco e poluidor de pré-sal.

Tudo isso eu acho certo..

Mas, pera aí, há dias ruas como Baronesa de Itu, Brasilio Machado, Gabriel dos Santos estão sem iluminação pública nenhuma. Tudo escuro..

Que diabo é isso?

Bem, em todo caso essas ruas têm muita luz que vem dos prédios, dá para aguentar.

Na última segunda, porém, saindo do Metrô, mais de 11 da noite, deparo com a Rosa e Silva sem uma única lâmpada acesa. Nada.

Um breu de meter medo.

Digo: isso aqui no centro da cidade. Posso acreditar que, em compensação, a periferia vive dias de plena luz?

Duvido!

Mais água, mais água!

O governador Alckmin apareceu para dizer que a crise hídrica (a popular falta d’água) acabou.

Entendo seu ponto: é eleitoral.

Com toda franqueza, nunca achei que esse problema deveria ir para as suas costas.

A falta d’água aguda se deveu à seca, não a irresponsabilidade dele ou de governadores passados.

Ao menos acho eu.

Já dizer que a crise acabou me parece uma irresponsabilidade quase sem fim.

É induzir as pessoas a queimar água como antigamente.

E não se voltará a antigamente.

Os cientistas dessa área vivem dizendo que agora o regime será de períodos de seca aguda e de chuvas abundantes.

Períodos alternados, claro.

Então, seria bom entender que essa crisé é crônica, interminável.

Este ano foi, ainda bem, formidável no sentido das chuvas.

Tem chovido à beça.

Mas como será o próximo?

A Cantareira está beirando os 30% (em 8 de março).

É uma maravilha se pensarmos que chegou a 0%, que saiu do negativo, ali bem na virada do ano.
porém, mais um ano de seca e vamos ter problemas novamente.

É assim que vai funcionar.

É preciso ver que ou mudamos de hábitos ou a coisa vai ficar muito, muito feia.

E os filmes…

Passei o fim de semana afundado em uma série da Versátil. Enfim temos “Corrida sem Fim”, do Monte Hellman, editado no Brasil. Um filme absoluto dos anos 1970.

Mas na mesma caixa (A Nova Hollywood) veio “Esta Pequena É uma Parada”, do Bogdanovich.

É, basicamente, um belo remake de “Levada da Breca”, bem original. Inferior ao filme de 1938, claro, mas corrige uma ou outra fragilidade daquele.

Sheila viu também e perguntou: Por que não se fazem mais filmes como esse?

Na verdade já não faziam, eu respondi. Foi o Bogdanovich que desenterrou o gênero (comédia maluca).

Falo desses por enquanto: a caixa tem seis, filmes de primeira.

Ah, sim, revi o “Shadows” do Cassavetes:acho muito interessante, mas penso que na época foi muito melhor. Vale muito pela novidade, por mostrar gente de verdade, uma Nova York de verdade. Mas é um jazz, um improviso, momentos melhores e piores.

Lelia Goldoni continua o máximo, sim.

E no Netflix peguei “O Silêncio dos Inocentes” para rever.

Que absurdo de filme!

Apogeu da escola Corman, sem dúvida (mais um).

E aí eu é que perguntei: Por que não se fazem mais filmes como esse?

Esse é de 1991, pouco mais de 20 anos.

Será que o mundo mudou tanto assim?

Quando se olha a lista dos candidatos ao Oscar de 1992 (ou seja: melnhores de 1991) algo parece muito errado.

Filmes bons eram muito vistos, premiados até.

Não havia essa divisão entre “filmes do Oscar” e produção corrente.

Nada disso.

O que houve com o mundo?

Terá sido o neoliberalismo? Parece que hoje as pessoas precisam do cinema para se evadir, para esquecer das durezas da semana.

Ponha um tonto com uma capa fingindo que voa na nossa frente e engolimos junto com a pipoca.

Não sou contra HQs, longe disso. Adorava em outros tempos.

Peguei o número 1 do Homem Aranha e segui por séculos. Era um herói fabuloso, especial.

No começo, no cinema, também.

Agora não é mais nada.

Do Batman nunca fui grnade fã, mas caramba, o Tim Burton fez um servicinho limpo com ele. Maravilhoso, quero dizer.

Depois virou a bobagem que virou.

Enfim…

Acabo de ver “O Astragalo”, de Brigitte Sy. Junta o prazer da história ao prazer da narrativa.

Filme bem legal.

Inscrições abertas…

Para a oficina “Da Ideia à Distribuição: Sob a Perspectiva de um Realizador Independente”, a ser ministrada pelo cineasta Cristiano Burlan, que propõe uma reflexão sobre os meios e modos de produção e realização do cinema. As aulas acontecem entre os dias 21 e 23 de março, no CineSesc (rua Augusta, 2075 –bairro Cerqueira Cesar) e integra a programação da Mostra Tiradentes|SP.

As inscrições deverão ser feitas no balcão de atendimento do CineSesc, no horário das 13h30 às 21h30. Não adianta telefonar: tem que aparecer por lá. Para quem tiver a carteirinha do Sesc (credencial plena), as inscrições serão feitas de 01 a 09 de março e a partir do dia 10 de março, até se esgotarem as vagas, para o público em geral. Deve-se vir com a credencial plena (no caso de associados) ou o RG (as demais pessoas).