Peguei por acaso, logo no começo mas de afogadilho, a entrevista de Paulo Pasta ao canal Arte1 sobre a exposição Mondrian no CCBB.
Não consigo lembrar bem o que falou e certamente minha lembrança é pobre. O que me espantou foi a insistência na razão como centro da atividade humana. Razão e equilíbrio.
Parece que existe uma busca permanente da harmonia entre os diferentes: cores, quadrados e linhas: desenhos, traçados em suma, sempre outros, nunca os mesmos, mas também sempre próximos.
A arte de Mondrian, disse Paulo, previa conflitos. Mas conflitos a que se devia sobrepor a razão.
Eu sempre gostei de escutar Paulo Pasta falar sobre pintura. Parece que sua voz vem de dentro dos quadros, de uma experiência muito íntima com o material, não da teoria.
Mas desta vez o que me espantou foi que tudo, ou quase, conectava com o que vejo no meu cineasta favorito, que é Howard Hawks.
O mesmo gosto do equilíbrio, da ação conduzida pela razão, do primado da razão (e da contenção) sobre a emoção, porém sem excluí-la, do equilíbrio.
Claro que as formas se produzem de maneira própria em cada arte e cada artista, e no caso de Hawks vemos coisas como a renúncia à cenografia (ou à precisão cenográfica) em benefício do personagem. Mesmo as cores carecem de sofisticação.
Tudo parece existir para chegar a um depuramento, a uma simplificação até onde seja possível das formas: à câmera à altura do homem, em suma.
Algo parece distanciar os dois artistas: Mondrian era um místico, Hawks não.
Pedi ao pessoal do Arte1 para me conseguirem o link ou uma cópia da entrevista, algo assim, para me deter mais sobre ela. Vamos esperar.