Antes de ficar dizendo o que é e o que deixa de ser na cidade de São Paulo, Marta Suplicy poderia explicar um pouco a recente ruína da Cinemateca, que deve muito, para não dizer tudo, à sua gestão.
O acervo perdido no incêndio do dia 3/2/2016 é, garante Dora Mourão, resultado da falta de manutenção do acervo e do prédio.
Sim, claro: sem funcionários e sem verbas, vivendo a pão e água, a Cinemateca se sustentou de funcionários de uma dedicação espantosa, mas seria preciso um Superman para dar conta do recado.
Outro dia, aliás, recebi uma programação da Cinemateca Portuguesa. Vale abrir o site. Dá vontade de chorar de inveja.
Isso porque Portugal está, há anos, numa tanga de fazer gosto.
Nossa Cinemateca sempre conviveu com dificuldades imensas. Ganhou muito quando foi absorvida pela Secretaria do Audiovisual do MinC, em 2004, acho, ou 2003, porque antes era ligada ao departamento de museus, que só queria vê-la pelas costas.
Evoluiu muitíssimo nesse período, até Marta chegar ao MinC e botar fogo em tudo. Botar fogo, eu digo, porque se não gostava do antigo diretor, se tinha problemas com ele, se havia dúvidas sobre sua honestidade (até hoje não há notícia de nada comprovado contra ele; contra Dora Mourão também não), já tinha que ter um nome a indicar debaixo do braço, em vez de transformar a instituição no bordel em que se transformou.
É mais uma. Dizia o Jairo Ferreira que o problema da Cinemateca era ocupar o antigo Matadouro. A energia ali era ruim.
Pode ser. Mas não é só isso. Ah, não.