Faz algum tempo que Tarantino me irrita um tanto, em parte pela liberdade que toma com os fatos.
Isso acontecia bastante em “Django Livre” e, sobretudo, “Bastardos Inglórios”.
Mas, seja havia algum crédito passado (“Death Proof”, “Jackie Brown”, “Pulp Fiction”), seja havia ali qualidades que acabavam interessando.
Havia, sobretudo, a reivindicação de um cinema ainda popular, diferente desse cinema de massa contemporâneo.
Agora, “Os Oito Odiados”, tenha paciência. São três inúteis horas, em torno de bons atores, uma ação que poderia muito bem ser resumida em no máximo duas, uma soneira louca e poucos, bem poucos momentos capazes de compensar essa chatice.
A primeira delas, quando Tim Roth diz algo como: “Não vamos impedir que uma simples rendição incondicional termine com uma boa guerra”. (refere-se aos americanos do sul e do norte, após da Guerra de Secessão, mas talvez não só).
No final, a leitura de uma carta suposta ser de Lincoln é forte.
Muito pouco, já se vê, para uma falação desenfreada e não raro inútil, para cenas de grand guignol absolutamente vomitivas e coisas assim.
Tudo sob a égide de Samuel Fuller, já que o filme começa com uma citação indecorosa de um de seus filmes (a figura de Cristo na cruz).
Por que citar se o espírito não tem a ver com Fuller, aliás eu diria que é bem o inverso.
E os tempos longos, que parecem ter algo a ver com Sergio Leone, servem apenas para mostrar que tempos longos não são para qualquer.
Em suma: estou com os dois pés atrás com ele, porque estilismo bobo, tenha dó, não dá pé.