Escolas ocupadas SP

Por Inácio Araujo
Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil

Eu tento esquecer essas coisas de política, mas os políticos não facilitam.

Agora, o governador de S. Paulo reclama que as ocupações dos colégios são políticas.

Claro que são. O que mais poderiam ser? São um ato político.

Qual o problema disso? É proibido agir politicamente.

Também o governador é político e age como tal.

Também a proposta de reforma do ensino que faz é política. O que mais poderia ser?

Pode ele imaginar, a sério, que um remanejamento de alunos dessa ordem, que o fechamento de um número considerável de colégios seja outra coisa que não um ato político?

Se não é seria o que, então, um ato de natureza divina?

Seria algo da ordem da natureza? Seria uma “decisão técnica”?

A escola pública no Brasil é algo complexo: faz um bom tempo que ela se tornou mais que tudo um depósito para pobres. Eles não precisam aprender, é até melhor que não aprendam muito.

O importante é que existam formalmente.

É essa concepção (política) que leva Alckmin (ou seu secretário, tanto faz) a meter a mão na escola pública sem nenhuma delicadeza.

Não discuto o mérito da reforma proposta. Não entendo disso. Mas entendo a desconfiança dos jovens muito bem.

Assim, a primeira providência desse governo apolítico não foi dialogar com os alunos. Foi à Justiça em busca de “reintegração de posse”.

Será esse um gesto “político”?

Afinal, os colégios não foram invadidos, e sim ocupados por estudantes dos próprios colégios (que, por sinal, empenham-se em fazer o melhor possível por sua conservação; a julgar pelo que vi numa reportagem, não menos e talvez mais do que o estado).

O certo, certo mesmo, seria também os hospitais serem ocupados.

Não pelos doentes, que não têm forças, mas por seus parentes e amigos, por exemplo.

E em todos os níveis, para acabar com essa saúde péssima que os pobres recebem.

Que lhes é dada como uma espécie de favor.