Fim de Mostra

Por Inácio Araujo

As-Mil-e-Uma-Noites.-Volume-1-O-Inquieto-2015-de-Miguel-Gomes

Fim de Mostra me deixa um pouco melancólico. Ela é um momento em que tudo refloresce, em que coisas novas, como o magnífico As Mil e Uma Noites, encontra a tradição, os restauros.

É também quando encontro um monte de gente que desaparece durante o ano, seja porque mora longe, seja porque faz outras coisas. Na Mostra todos de certa forma se concentram. E existem as filas, as pessoas que vão pouco ao cinema. E este ano, ainda, o preço estava bem ok: R$ 8,00 para a garotada, estudantes, está bem ok, não?

E, claro, há também aquelas pessoas que enlouquecem, tiram férias, vão atrás de absolutamente tudo.

O fato é que não estamos tão mal: resta o Godard, que agora vai para o CineSesc, que é uma boa sala, ao contrário da sala do CCBB.

Resta também o que começa. O 007 que ainda não consegui ver. O Pasolini do Abel Ferrara, bem Abel Ferrara, inesperado, misturando registros que aparentemente não deviam se encontrar.

E vai entrar O Capital Humano, que me parece um filme italiano interessante. Não todo o tempo, mas com coisas boas, sim.

No setor de DVD a Versátil continua a me enlouquecer porque todo mês agora tem ao menos umas três caixas bem interessantes, mas eu precisaria de umas três vidas para ver tudo isso (ou rever, dá no mesmo).

De tudo, vou destacar a caixa com Minha Viagem ao Cinema Americano, em que o Martin Scorsese passa em revista a tradição americana de maneira apaixonada e com aquele sentido crítico profundo que ele tem.

A caixa traz ainda o filme em que ele fala do cinema italiano, mas a experiência me parece bem mais limitada: pega basicamente os neorrealistas, um tanto do peplum antigo, quer dizer, é mais uma apresentação do cinema italiano ao público americano do que outra coisa. É bem mais parcial.

Mas, como está na mesma caixa e o Scorsese hoje é um dos cineastas mais influentes, vale a pena ver.

Bem, estou falando de dois filmes apenas, mas são horas e horas. E a parte americana, sobretudo, nos leva a um cinema fantástico e pouco conhecido.

Algo que se encontra bem com o trabalho da Foundation, de restauros em tudo quanto é lugar. Dos que vi, náo conhecia o egípcio A Múmia, absolutamente notável. E quem não viu… Vamos esperar que volte em DVD, afinal.