Humores

Por Inácio Araujo
João Vicente Sato, Fábio magya loira Porchat, Ian fazendo o tímido, Gregório fazendo a linha executivo e Kibe Rock n’ Roll. (Foto by Jorge Bispo)
João Vicente Sato, Fábio magya loira Porchat, Ian fazendo o tímido, Gregório fazendo a linha executivo e Kibe Rock n’ Roll. (Foto by Jorge Bispo)

Lembro quando o governo militar agonizava, pensava-se que, “ao se abrirem as gavetas” conheceríamos enfim as obras-primas censuradas pela ditadura.

Pois bem: abriram-se as gavetas e o que havia ali? Nada! Nada de especial, em todo caso.

Hoje quem brada são comediantes (sou tentado mais a vê-los como supostos comediantes) cuja desculpa para a falta de graça costuma ser o “politicamente correto”.

Pois bem, suprima-se o PC e o que teremos? Basicamente grosseria – que é o que já fazem hoje, diga-se de passagem.

Por isso o Porta dos Fundos destoa de forma tão óbvia dessa gente.

Não se trata de praticar “humor inteligente”.

Trata-se de partir do princípio de que quem está na posição de fornecer um produto que se assemelha à arte ou que almeja a ser arte tem no mínimo a obrigação de confiar no seu público e tentar dignificá-lo.

Trata-se de partilhar algum conhecimento, pela forma da experiência do mundo, e isso é o que esses humoristas fazem.

(Isso escrito depois de ler uma ótima entrevista de Ian SBF, diretor do grupo).