Enfim, a Mostra

Por Inácio Araujo

 

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É bom cair na Mostra. O que para mim só aconteceu neste sábado, chegando de BH, do CineBH.

Depois tentarei falar dele.

O melhor da Mostra nem são os filmes. É dar de cara com as filas. É ver algumas caras que só vejo durante a Mostra.

É reencontrar amigos e ex-alunos que a gente não tem mais como ter por perto.

E comecei logo com “Sindicato de Ladrões”. É um certo conforto: aí a gente sabe que não tem erro. Mas, caramba, que beleza. A cena da conversa no carro entre Marlon Brando e Rod Steiger é fabulosa, a melhor de todas.

Não gosto do final, muito retórico e muito evidente demais.

Parece feito mesmo para referendar que Elia Kazan fez o filme para se justificar da delação aos ex-camaradas comunistas.

Não acho que a palavra “justificar” precisa para definir o caso: ela traz um quê de pedido de perdão, de “deixa eu me explicar melhor” que não tem razão de ser. Kazan não se arrepende nadinha do que fez.

Nunca insinuou que tivesse fraquejado diante das pressões. Nada.

Agora, o filme é outra história.

Se dependesse apenas disso, da “justificação”, não se aguentava um ano, um mês. Se aguenta há mais de 60 anos.

Aliás, parece que melhora.

E pelo nível do cinema atual vai melhorar ainda mais.

O cara é bom.

Remember: não chegar perto

E aí pensei: fechemos o sábado vendo o que fez Atom Egoyan.

Pois me dei absolutamente mal.

Nem falo da música insuportável, que não para um minuto e é perfeitamente horrível.

Aliás, a concepção sonora é toda tola.

Que nem, mais ou menos, o roteiro.

O que quereria ele? Ser um “Tema do Traidor e do Herói”, de Borges?

É somente uma pegadinha, com sua história do velhinho já desmemoriado que sai em busca do criminoso nazista que teria exterminado a sua família em Auschwitz.

É uma pena, porque Egoyan começou a carreira muito bem até, depois foi decaindo e tal, mas agora caiu num fundo de poço desses atrozes.