Eu mentiria se não dissesse que certas coisas me inquietam quando deixo o solo.
Por exemplo, saber que pilotos da Azul usam uma parte do manche para escrever mensagens de ódio dirigidas, pelo que entendi, ao dono da empresa.
Pode-se pensar num comportamento adolescente: como a rapaziada que escreve bobagem nos banheiros públicos.
Mas não é bem assim: quando pilotos de uma empresa aérea se manifestam dessa forma é porque não podem se manifestar de outra.
Existe aí uma tensão de que gente responsável pela vida dos outros devia estar liberada.
E o que isso sugere é, justamente, a existência de uma grande, enorme, profunda repressão interna, cujas formas não consigo imaginar, mas que são pesadas.
Na mesma notícia está que um piloto ganha qualquer coisa em torno de R$ 14 mil.
De minha parte, penso que o cara que responde pela vida de 100 pessoas, sem falar a dele próprio, devia ganhar muito mais.
Não é um mau salário, longe disso, mas um piloto de avião não devia estar pensando se terá dinheiro para pagar a prestação da casa própria, ou do carro, ou a escola do filho, essas coisas.
Nos ares 2
Aliás, quem são os pilotos?
Em outros tempos a aviação divulgava a ideia de que eram caras que passavam por psicotestes ou coisa parecida a cada seis meses.
Pessoas tranquilas, praticamente sem inconsciente.
Muito bem: tudo isso foi desmentido quando aquele co-piloto suicida resolveu não só matar a si mesmo como a todos os ocupantes de um voo na Europa.
Em suma, ficamos sabendo que o estado psíquico de ocupantes da cadeira de piloto pode muito bem ser caótico.
E que não há exames semestrais coisíssima nenhuma, devo ser eu que imaginei isso.