O centenário de Grande Otelo está sendo comemorado no Caixa Belas Artes.
Em mais algum lugar?
Alguém se lembra ainda do que fez Grande Otelo?
Bem, no dia 18 haverá uma palestra de Helena Ignez.
E será muito bom ter uma grande atriz falando de um grandíssimo ator.
Mas é pouco.
O silêncio em torno de Grande Otelo é nacional, estadual e municipal.
Em resumo, é vergonhoso.
Afinal, por que tanto esquecimento em torno de um ator que impressionou a ninguém menos que Orson Welles?
No artigo desta semana, Vladimir Safatle comenta a decadência da música brasileira.
É a primeira vez que vejo um raciocínio coerente e forte em torno do assunto nos últimos anos.
A falta de invenção, a vulgaridade, o conformismo não podem significar, nem de longe, uma maior popularização dos gêneros cultivados no Brasil.
Com efeito, não incomodam a ninguém.
O mesmo pode ser dito do cinema “popular” a que estamos condenados. Não tem a ver com a antropofagia da chanchada, nem com a adequação a mudança rápida de costumes, como com a comédia erótica.
Entramos num ciclo digamos populista de vulgaridade abissal conjugada à TV, às piores coisas da TV, a consumismo, a reacionarismo cavalar etc.
Ignoramos tudo isso em nome das bilheterias altas, como se essa prgação de incultura não tivesse efeitos deletérios sobre a vida social.
Como se a cultura fosse questão de oferta e procura.
Matamos o popular inventivo na música e junto o popular e precário do cinema em troca de um nada bem ordenado.