“Las Insoladas” é um filme inquietante – e isso já é uma espécie de elogio.
Um grupo de jovens mulheres se reúne no alto de um edifício de Buenos Aires para conversar e tomar sol.
São loucas pela salsa e pelo sol. Deploram a invernal Buenos Aires e as praias geladas do sul.
São pessoas simples, com exceção, talvez, da estudante de psicologia: modelos de eventos, manicures, telefonistas em centrais de taxi, etc.
O começo é desesperante: a conversa é uma lenga-lenga sem fim, e a chegada de novas participantes não resolve o problema, longe disso.
Mas essa sucessão de conversas tolas, que evolui para a hipótese de viajarem a Cuba, revela ao fim de um tempo uma ossatura: ninguém persiste em algo sem motivo.
O fato de eu não ter percebido, ainda pelo menos, qual é a ideia do filme é problema meu, afinal.
“Jimmy’s Hall” é obra de um veterano, Ken Loach, aqui tratando de um rebelde irlandês às voltas com forças reacionárias locais nos anos 1930.
É admirável em Loach a coerência: o comunismo pode até acabar, pode até ter resultado em monstrengos tipo… enfim, tipo quase tudo.
Para ele, resta o princípio: se o mundo é injusto, se a injustiça decorre essencialmente de uma opressão de classe, há que persistir acreditando na vitória dos explorados, pobres, enjeitados vários.
É uma posição de muito tempo e sua persistência também é um mérito: parece que as injustiças sumiram do mundo quando acabou a URSS.
Ken Loach não acredita nisso. Faz um filme severo, bem bonito.