Ex-Cultura?
Primeiro o Metropolis encostou o Manuel da Costa Pinto.
Seu programa literário, aliás, já tinha sido suspenso.
E pouco depois saiu a Marina Person.
O programa seguirá, mas capenga.
Os filmes da Mostra Internacional de Cinema já não passam lá, e com isso sai de cartaz uma alternativa importante de exibir em TV produtos que saiam do absoluto convencional que domina a programação em geral.
A série de filmes clássicos da quinta-feira saiu de fininho.
O fim de Provocações é compreensível: o programa era Antonio Abujamra.
O programa da Inezita Barroso poderia continuar, claro, se tivesse um nome de peso. Ir atrás de Lima Duarte é quase sonhar com o impossível: ele é contratado da Globo há séculos, teria que voltar assim que precisassem dele. E ainda faz filmes, pode querer fazer teatro…
Mas assim como Inezita seria possível encontrar um nome meio no ostracismo, capaz de levar o programa das modas de viola adiante.
Cinema, literatura, música, variedades culturais em geral – o que, afinal, não está definhando?
Não vejo um desmonte, isso não. Mas uma série de coisas que definham.
Vera Cruz de novo
A Vera Cruz parece mais um carma do que um legado.
Ao abre fecha dos anos 1950, seguiu-se a tentativa de Khouri de reerguer o estúdio.
Os anos 1970 não eram os mais propícios e, de todo modo, o governo do Estado resolveu executar as dívidas da companhia com o Banco do Estado e dar um fim à empreitada.
No final do século passado, se não estou enganado, Ivan Isola liderou um projeto ambicioso de revitalização do estúdio, ao qual se agregaria ainda centro tecnológico, escola de cinema etc.
Na época, Marcos Mendonça se encheu de cinema e cineastas e resolveu que mais valia investir na orquestra. Não era uma opção sem sentido, em todo caso.
A nova investida é da prefeitura de São Bernardo. Nos dias atuais ela tem tudo para dar certo: estamos de volta ao cinema de estúdio. Vamos lá, então.
Que se tome o caso daquele polo perto de Campinas: conforme o partido que entra ou sai da prefeitura, o projeto prospera ou é interrompido. É a demência partidária habitual, acrescida das rivalidades interioranas, mais do que qualquer outra coisa.
Se São Bernardo topar a parada da Vera Cruz de verdade, não fizer apenas lançamento de pedra fundamental, essas coisas, tem possibilidade de dar muito certo, sim.
(Até porque, não tendo o município um programa de financiamento de filmes, não haverá gente na porta do prefeito dizendo que quer dinheiro para o seu filme).