E eu que sempre tive vergonha das sambadinhas, daquelas cartolas ridículas que nossos torcedores disseminaram pelo mundo (mundo que aderiu com entusiasmo ao nosso mau gosto, diga-se)…
Mas bater continência em Olimpíada ou similar bate todos os recordes.
Coisa parecida, que eu me lembre de ver documentada, só em 1936 (38?), em Berlim, quando os atletas alemães faziam a saudação nazista.
Houve depois os Panteras Negras, mas o significado era o exato oposto: rebelião, não submissão.
Ora: que diabo significa essa palhaçada?
Não se trata de devoção à pátria, porque esta já está representada na bandeira.
Dizer que é porque o exército ofereceu seus locais para treinamento e foi um verdadeiro patrocinador é injusto: o exército não é um “patrocinador” autônomo, é apenas um ente da União.
(Mas, ainda que fosse: se o patrocinador fosse a Kibon eles ouviriam o hino chupando sorvete?)
Talvez nossos atletas, em sua característica burrice atlética, vejam nos militares uma “garantia” de pátria num momento em que as instituições estão sob relativa ameaça de golpe.
Não posso me por a adivinhar pensamentos, mas me parece um exercício fútil de cutucar onça com vara curta.
Os militares sabem que seu projeto nacional, para o bem e para o mal, está esgotado.
Uma parcela dos civis é que não sabe.