Caso 1. Maria Kodama, viúva Borges, processou por plágio um escritor argentino que escreveu um “Aleph Engordado”, que consistia em uma cópia fiel do conto de Borges à qual eram acrescentadas 5.600 palavras.
O cara tirou 200 exemplares de seu trabalho, que consistia em uma espécie de diálogo com o conto original (vendo pelo preço de compra: não conheço o trabalho dele).
A alegação de que a obra original foi descaracterizada não me parece fazer sentido, já que ela permanece onde está. É como a Mona Lisa de bigodes, conforme a própria acusação, só que com tinta indelével.
Algo assim.
Me parece insano que esse tipo de argumento levasse à condenação do escritor. Como assim descaracterização? O conto de Borges continua a circular, muito mais que os tais 200 exemplares, e intacto. Então?
Tenho a impressão de que Kodama, como boa parte dos herdeiros deste mundo, usa toda brecha que encontra para levar uns trocados.
No caso, um belo monte de trocados.
Caso 2. Já a multa aplicada ao suposto comediante Rafinha Bastos é interessante: ele falou uma grossura endereçada a alguém chamada Vanessa Camargo, segundo a qual comeria as duas, ela e a filha que ela estava esperando.
Por mim, toda uma ordem de comediantes, ou supostos ser, atuais poderia ser multada, já que seu humor se limita a uma série infame de grosserias. Esse Rafinha mesmo eu acho que já vi num programa da Bandeirantes, uma coisa bem interessante, nada cômica, bem digna.
Mas o que vende na TV é essa grosseria. Então eles mandam ver. Quanto mais grosseiro, mais sucesso faz.
A começar por essa gente daquele Pânico. Essa história de liberdade de expressão parece simples, mas não é. Esses caras, por exemplo, fazem bullying se passando por jornalistas, e se não mais convém, tornam-se “humoristas”. E vice-versa. Sempre a liberdade de expressão agitada.
A convivência decente em liberdade é algo que ainda precisamos a aprender.
Ou reaprender: houve um tempo em que a TV veiculava aulas de etiqueta. Seria uma boa.
Caso 3. Agressores de um rapaz gay, ou suposto gay, são condenados a pagar uma multa de R$ 21 mil e cacetada cada um. Ok. Não há razão de prender pessoas por certos crimes. E nem de limitar os danos a mandar o cara comprar cestas básicas (ah, essa é um horror, um escárnio). Multar me parece uma saída. Não sei nada de coisas jurídicas, mas é o de menos insensato que se pode fazer nesse ramo maluco.