Maximus Max

Por Inácio Araujo

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Máximo Max

Todas as ideias do novo Mad Max estão nos primeiros quinze ou vinte minutos de filme.

Neles reencontramos as belas paisagens desérticas dos primeiros filmes de George Miller para a série. Depois, há uma boa (e rápida) perseguição, onde reencontramos o clima dos filmes dos anos 1980.

Chegamos, por fim, a uma espécie de “Metrópolis” a seco: não há produção nenhuma, é verdade, a única questão é a água.

O sujeito que controla a água controla os homens.

Aí já entramos nessa coisa banal de alguém que se levanta contra a tirania e o blablablá de costume.

E, por diante, o filme será uma sequência quase sem parada de perseguições, onde a gente pouco sabe quem persegue quem, quem mata e quem morre, quem fica e quem vai… Esse tipo de coisas.

A invenção está toda no início: as adequações da direção de arte ao tempo presente e tal.

Claro, a água é a questão do dia (nós, em SP, sabemos bem disso), não mais a gasolina. Isso é bom.

A redução da humanidade ao primitivismo segue em linhas gerais o princípio da série original.

Mas ali não havia um poder “do mal” consolidado. E, quando há, temos personagens fortes (como Tina Turner, no terceiro filme).

Aqui o vilão é meio pífio. À parte a máscara, muito boa, é quase um figurante de luxo.

E Mad Max, com o perdão da palavra, não é nada. À parte chegar ao final, depois de uma luta extenuante (ao menos para mim), não tem nem um machucado no rosto, nem ao menos está suado…

Bem melhor é a Furiosa de Charlize Theron, que pode fazer qualquer coisa, qualquer papel, é um enigma, ótima em qualquer circunstância, formidável mesmo.

Sorte de Mad Max

Mas tenho a impressão de que a serie tem sorte de continuar nas mãos de George Miller. Faz tudo que pode para salvá-la.

Claro, tem de ceder ao gosto do tempo. O cinema de grande público é hoje, me dizem, derivado do videogame, de um tipo de sensação frenética e banal que transmite.

Deve ser, pois Miller é um bom diretor e tem de ceder em inúmeros pontos, inclusive o argumento subdesenvolvido, levado a poder de perseguições, parece um “Velozes e Furiosos” apocalíptico.

Ainda assim, há elementos não vulgares, invenções visuais, sobretudo, bem interessantes, como o roqueiro que acompanha o exército do mal… Entre outras, diga-se.