Boas novas na política

Por Inácio Araujo

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Primeiro foi Arnaldo Madeira, depois, se não me engano, Alberto Goldman. E, finalmente, Fernando Henrique:

Todos os três abominaram os deputados de seu partido, o PSDB, por votarem contra o “fator previdenciário”.

Não sei direito o que é isso, mas pelo que farejo é algo que diz respeito ao INSS e que prejudica seriamente suas contas, caso deixe de existir.

Tudo bem: aqui no Brasil costuma-se legislar botando o peso de tudo nas costas dos pobres. Mas isso não autoriza um movimento que pode quebrar a previdência e, portanto, cair precisamente nas costas dos mais necessitados.

Bem, esse fator foi instituído no governo FHC. Portanto, o que, senão um deslavado oportunismo, levaria o seu partido a votar por sua extinção?

Ora, trata-se de “fazer oposição”. O que, entenda-se, deputados entendem que seja atormentar o governante atual. Com efeito… Mas, se, amanhã, digamos, um político do PSDB chegue ao poder, como ficarão as coisas?

O que esses três políticos estão dizendo é que, oposição ou situação, legisla-se pelo país, pelo bem estar das pessoas, pelo futuro, não por mesquinharia.

Madeira, aliás, enfatiza que não se deve fazer oposição a um governo do PT como o PT fez oposição ao governo do PSDB.

E também acho certo. Eles se posicionaram, por exemplo, contra o Real por mero oportunismo. E, não sei, é bem provável que tenham se posto contra o tal fator previdenciário.

Espero que o PT tenha mudado e espero também que o PSDB mude. Seria um começo para reencontrar o tipo de partido que ameaçou ser, há muitos anos atrás, e que volte a ter um programa para o país, em vez de se apoiar sobre picuinhas.

O Cadidato Honesto

Esse tipo de atitude é necessária, hoje, entre outras, para mudar a percepção que a população, um larga parte dela, em todo caso, tem da prática política.

Esse filme, boçal em uma série de sentidos, se funda sobre a ideia de que não existe político capaz de resistir a uma propina, ou algo assim.

Na verdade, propinas são parte da vida política e empresarial no mundo inteiro. Talvez sejam mais competentes ao acobertá-la, mas isso é algo bem presente em todo o mundo (“Somos parte da mesma hipocrisia”, dirá o empresário Michael Corleone ao senador de Nevada).

No entanto, gostemos ou não de certos usos e costumes, sejam eles centrais ou periféricos na prática da política (pessoalmente, acho periférico), é ali que se decide, em grande medida, o destino da sociedade.

É preciso que o PSDB desembarque dessa onda, volte a propor algo viável e confiável e a se reafirmar como partido, em vez de continuar nesse barco bobo.

Faz muito tempo que o PSDB deve um projeto ao mundo, ao Brasil pelo menos. O projeto do PT também já e antigo e não há novidades maiores nele há muito tempo. Marina Silva tem algo diferente, mas, caramba, não consegue nem abrir um partido, coisa que qualquer um faz com a maior facilidade…