Fenômeno Invertido

Por Inácio Araujo

Vício e virtude

Entra na minha Quarentena email de um assessor de imprensa, nos seguintes termos:

“O embaixador global do PokerStars e eterno camisa 9 da Seleção Brasileira Ronaldo Fenômeno aceitou o desafio e jogou o Nascido Pro Poker, série de desafios online interativos criados para detectar e medir as habilidades naturais fundamentais para se jogar o esporte da mente e que todas as pessoas possuem, em maior ou menor grau, e as quais o pôquer ajuda a desenvolver.”

É só o início. Não li mais porque já isso bastou para me virar o estômago.

Posso compreender um cara que faça esse tipo de coisa – promoção, divulgação e expansão da jogatina – porque precisa de dinheiro. Posso compreender, mas não deixarei de acentuar o que existe de nocivo nisso.

Mas esse Ronaldo, que foi de fato fenomenal no futebol, e se encheu de dinheiro de tudo quanto é jeito, tem crédito junto a um monte de pessoas por causa de seu passado e utiliza esse crédito da pior maneira possível – bem, é repulsivo.

E a tentativa de vender isso como esporte… Esporte??? Que nem arremesso de dardo, ping pong, revezamento 4 x 100?

Jogatina é vício e é viciante. Não tem relação alguma com esporte. Essa gente diz que é um “jogo de habilidade”. Bem, arrombar portas também é, passar golpes do vigário, idem: nem por isso alguém dirá que se trata de práticas esportivas.