Uma integral de Julio Bressane acontece (aconteceu?) na Cinemateca de Toulouse. É importante. Mais importante ainda: umas quatro páginas dedicadas ao autor de “Cleópatra” e “São Jerônimo”, entre outros nos Cahiers du Cinéma”.
O autor Nicolas Azembert, salvo erro, já havia dado um dos filmes de Julio como o melhor do ano passado na votação da revista. Mas agora: um monte de páginas, um monte de fotos.
E pela primeira vez eu vejo a história (a narrativa, se diria agora) dessa geração ser comprada integralmente. Não é só a merecida análise da obra do brasileiro. É a primeira vez que eu vejo alguém falar com todas as letras do trabalho perverso que Glauber Rocha fez em relação a eles, chamando-os aqui de “udigrudi” (a revista diz “marginais”, mas acho que essa designação não vem de Glauber) e, na Europa, de agentes da CIA (isso era, mais especificamente, em relação a Rogério Sganzerla). O bacana é que, se dá o crédito ao trabalho meio sujo do Glauber, nem por isso o autor diminui seus méritos como cineasta (o que não faria sentido, de todo modo).
Me parece que há um equívoco ao enfiar Paulo C. Saraceni na roda dos detratores do “marginal”. Pelo contrário, tenho a impressão de que ele era o único do cinema novo com quem Bressane-Sganzerla se davam. Não sei se era o único, mas sei que se davam bem.
Bressane fala ainda de uma geração de pessoas que fez um ou dois filmes no máximo e foi quase silenciada. É fato: muita gente talentosa foi escanteada nessa história.
Essa pode não ser a melhor geração dos Cahiers, mas eis aí, de todo modo, um formidável reconhecimento.
A Sylvie Pierre é que deve ter ficado danada.
Fellipe Barbosa
O diretor de “Casa Grande” pergunta de quem eu ouvi essa história de ele estar sendo contratado pela Globo.
Diz que isso é boato. Ótimo!
Não me lembro quem contou essa história. Minha memória já não se dá a esses luxos. Mas garanto que eu e quem me falou disso achamos bom não ir para a Globo.
Faróis Apagados?
Pelo que ouvi, o Canal Brasil não está morrendo de fazer força para ter uma segunda temporada de “Faróis do Cinema”. O programa apresentado pelo Carlos Alberto Mattos é um dos raríssimos em que se pode encontrar cineastas falando de cinema e de seus filmes, não para fazer propaganda.
Espero que digam que isso também é conversa, papo de internet etc. e desmintam essa história.
Vai tudo bem?
Pelo que vi do último boletim que a Rosário mandou via Almanakito há algo a comemorar.
O “Entre Abelhas”, filme bem digno, estava já beirando os 400 mil espectadores. Entrou com uma montanha de cópias, é verdade, e acho que tem propaganda da Globo e tal. Mas ainda assim… Do jeito como andam as coisas, não dá para reclamar.
Também o “Estrada 47”, que ainda não vi, me pareceu que está andando bem.
O “Casa Grande” chegou a 30 mil espectadores. Se tiver 40 mil, ótimo. Se chegar a 50, impecável para um pequeno lançamento. Eu pensava, com meu pessimismo, que ia chegar aí nos 20 mil.