Para citar o Céline e o Zé Trintade: Vou te contar!
Basta falar de Cinemateca que o mundo se turva e as sensibilidades se exacerbam, com ou sem razão.
Por isso digo: abaixo, leremos uma carta da equipe de Difusão e aí acaba o episódio. Ok?
A Difusão, acentuo, não ataca ninguém, apenas faz uns apontamentos.
Aliás, tudo começou porque falei do belo momento que temos justamente nesse setor que, para mim, vale tanto quanto a preservação ou a documentação.
Paulo Emilio
Eu queria aproximar dois livros de Paulo Emilio do de Sylvio Back (Quermesse, poesia erótica) e das memórias de Rodolfo Nanni (Quase um Século). Publicações bem diversas de pessoas conhecidas sobretudo pela atuação no cinema.
Mas Paulo Emilio… Vou te contar…
Saíram “O Cinema no Século” e “As Três Mulheres de Três PPPs”. Acho que o primeiro é editado pela primeira vez.
É difícil dizer qual ler antes. Seja ensaístico-crítica, seja ficcional, a prosa de Paulo Emilio é sempre um deleite absoluto.
Minha primeira impressão, que nunca tinha tido antes, é que sua identidade com Jean Renoir é total. Ele navega na diversidade (e na amplitude) de Renoir como se estivesse no rio ao lado de sua casa (no tempo em que rios eram nadáveis, claro).
Ambos transpiram uma felicidade de estarem vivos insuperável. E os artigos de Paulo Emilio sobre ele falam demais sobre isso.
No mais, para meu prazer, um dos textos recupera a expressão “happy few”, que não vejo há séculos.
É uma beleza toda vez que a gente tem sob os olhos a elegância de escrita, a generosidade e a argúcia de PE.
Maria Antonia
Já que de difusão e Cinemateca se fala, vale lembrar que na sala da Maria Antonia existe atualmente uma bela programação (salvo engano associada ao cineclube dos alunos da ECA, que costuma programar muito bem: antes era só dentro da Cidade Universitária; a Maria Antonia expande seu circuito).
O certo é que, por enquanto, pouca gente lá. Aliás, até eu, que moro ali perto, às vezes marco um filme lá e depois esqueço de ir.
Se meto o bedelho em tal ou tal coisa, é muito pensando nisso: é preciso achar coisas que facilitem criar o hábito. No caso da Maria Antonia: é bom encontrar “happy few”, mas quando existe o risco de o happy few ser só eu é meio chato.
Da equipe de Difusão
Só uma coisa a dizer, quanto à carta da Equipe de Difusão:
sim, quero ir mais lá, porque a programação está muito interessante.
Quando falo da lanchonete é porque me parece que a Cinemateca é, entre outras, um lugar de sociabilidade. Quanto ao estacionamento é assunto superado.
Caro Inácio,
A Cinemateca Brasileira gostaria de esclarecer algumas informações a respeito do texto publicado em 04 de maio de 2015.
A mostras e exposições aqui exibidas são iniciativas de nossa equipe de difusão. O professor Ismail Xavier segue na presidência do Conselho da instituição com profunda dedicação aos interesses da Cinemateca, mas o Conselho não tem ação preponderante sobre a programação das salas. Atualmente Daniel Oliveira Albano, nosso coordenador da Administração, responde interinamente pela Coordenação-Geral da instituição até que novas diretrizes sejam apontadas pelo Ministério da Cultura.
O café funciona provisoriamente nos dias com programação: de quinta a domingo, até duas horas antes do início das sessões. Nosso planejamento prevê licitação para o café, esperando melhor atender nosso público.
Estamos em diálogo constante com a prefeitura com a finalidade de facilitar a chegada até a Cinemateca. Uma ciclovia já funciona do metrô até nossas proximidades, temos mais de cinco linhas de ônibus que param em pontos bastante próximos e é possível fazer uma caminhada de cerca de quinze minutos do metrô Vila Mariana até a Cinemateca. Futuramente poderemos contar com nova estação de metrô na R. Diogo de Faria que atenderá a Vila Clementino.
Nosso estacionamento abre as portas somente para os casos especiais: temos vagas reservadas para deficientes e idosos. O entorno do Largo está sempre bem iluminado e movimentado. Além disso, os seguranças da portaria estão sempre atentos à rua.
Fazemos manutenção constante das duas salas e temos uma atenção especial à qualidade das projeções, em ambas as salas – na sala maior, exibimos filmes em todos os suportes, exceto 16mm; na sala menor, todos os suportes, exceto DCP. A projeção em 16mm ficou fixa na sala menor já que o tamanho da tela garante uma projeção de melhor qualidade.
Observamos um aumento significativo no público em nossas sessões, especificamente em 2015, ano em que temos trabalhado arduamente para atender o interesse do nosso público, exibindo os filmes no suporte original e em cópias nas melhores condições disponíveis.
Duplicamos alguns materiais para a Retrospectiva Cinema Novo – como O bravo guerreiro, de Gustavo Dahl, e Esse mundo é meu, de Sérgio Ricardo (já que nenhum dos filmes dispunha de bons materiais de difusão). Outros filmes recuperados pela Cinemateca fazem parte da programação, que contempla 53 títulos do movimento, maior parte deles em 35mm e que não eram exibidos há alguns anos. A mostra segue em cartaz até o dia 14 de junho. Mais informações podem ser encontradas neste link:
http://www.cinemateca.gov.br/mostras/2015/cinemanovo/index.html#/sobre
Assim, despedimo-nos, esperamos poder contar com sua presença nesta e em outras mostras.
Equipe de Difusão,
Cinemateca Brasileira.