Das coisas que falou Renato Janine, a aproximação entre cultura e educação me parece a mais original – aquela que nunca nem ao menos se pensou em implantar.
Mas o complemento dessa ideia é ainda mais interessante. A saber: o aprendizado não pode ser uma obrigação. Tem que ser prazer.
É obrigação, me parece, porque em certo nível sempre é.
Se na escola mandam ler o Machado, o aluno vai achar aquilo um saco, mesmo que o Machado seja o contrário disso.
Mas vamos em frente.
O conhecimento, de um modo geral, ficou muito desvalorizado no Brasil. O valor era a posse de bens materiais. Portanto, ver um filme, assistir a um concerto, ler um livro, essas coisas, entraram na categoria das coisas que só se faz porque o cara é forçado, porque isso não lhe dará nada.
No meu tempo, nós alunos, que éramos tão burros quanto os de hoje, enfim… a gente comentava que não se devia aprender latim porque ia estudar engenharia, e não devia aprender matemática porque ia estudar direito.
Ou algo assim.
Para resumir, hoje sinto uma falta louca da matemática que empurrei com a barriga.
Espero que os médicos sintam o mesmo em relação às aulas de português ou latim. Porque faz falta mesmo.
Ou seja, aproximar o aprendizado do prazer é algo que só se pode fazer através da cultura. Se a pessoa mergulhar no mundo simbólico e perceber seu encanto em si.
Algo vem sendo feito pela Prefeitura aqui em SP.
Me parece certo que algo que se pode denominar inclusão cultural é bem mais profundo do que essa coisa de vale cultura (que também não é ruim, diga-se). Como chegar a ela me parece um xadrez interessante. Não sei imaginar como. O Renato Janine deve pensar no assunto há séculos. Espero que funcione muito essa ideia, que me parece bem relevante.
Um papel para o cinema
E a menção ao Lincoln do Spielberg é bem interessante.
O escravagismo nos remete, afinal, ao mundo do trabalho. Dos trabalhos forçados.
Que é o que a maior parte das pessoas pensa, com toda razão, do trabalho.
Se ao lado disso existir um lazer que seja ao mesmo tempo aprendizado, por que não?
E o cinema, o nacional sobretudo, pode muito bem funcionar para que se chegue a isso.