De Brasília a Cronenberg

Por Inácio Araujo

Os filmes que entram anunciam um fim de semana é mais que animador.

“Mapas para as Estrelas” é um Cronenberg em grande forma. Inclusive temos aqui o retorno de um desses personagens típicos, em que o próprio rosto expressa uma anomalia, uma discreta distância em relação à norma, de maneira que o corpo parece habitado por um fantasma.

Fazia tempo que não havia um personagem assim em seus filmes. E os demais não o desmentem. O canadense está em alta forma!

Já Adirley Queirós é uma expressão paradoxal do país: um cineasta popular, popular mesmo, que vive e trabalha em Ceilândia, na periferia. O off Brasília. “Branco Sai Preto Fica” só poderia ter sido feito por alguém assim: é um filme sobre o racismo brasileiro, mas não feito por quem não sofre esse racismo. É alguém de fora do clubinho. E quando eu falo isso não tem paternalismo nenhum. É um cara tão inteligente quanto intransigente. “Branco Sai” começa por surpreender pelo título: desde quando se dá ao preto o privilégio de ficar, enquanto o branco sai? Veja o filme: a resposta será espantosa.

Não vi “Os Velhos Marinheiros”, mas o Sérgio Alpendre falou bem do filme. O romance de Jorge Amado é talvez o melhor dele, até onde vai minha lembrança.

E, claro, ainda há o Tiradentes em São Paulo, lá no Sesc Consolação. Estive na abertura: é no belo Teatro Anchieta que a coisa acontece, com boa projeção e tudo. E gratuito.