Um Estado religioso?

Por Inácio Araujo

Enquanto petistas tentam pôr panos quentes nas feridas e fingir que os peemedebistas são seus aliados, os tucanos celebram o heroísmo dos peemedebistas que querem ferrar o governo.

Bem, quanto a Renan Calheiros basta olhar em sua cara, é a própria imagem do medo. O cara deve estar sujo na Lava Jato.
O problema maior, no momento, é na Câmara.

Há um momento, em “Branco Sai Preto Fica” em que a garota do futuro, do ano 2073, fala da ascensão de um Estado religioso.

Pode ser perfeito. Talvez, infelizmente, um pouco otimista. A Câmara já está nas mãos de um evangélico. O quanto ele é oportunista ou deixa de ser nessa história não importa muito.

Há pelos menos duas décadas que os chamados neopentecostais investem pesado na conquista de posições legislativas.

Os católicos olham para isso com a condescendência de quem acredita na superioridade eterna de seu eleitorado. E, afinal, todos são contra aborto (as mulheres que apodreçam nas clínicas vagabundas) e a camisinha (que importa se todo mundo pegar Aids?) e olham torto para homossexuais e tudo mais.

Com isso, não demora nada para esses caras passarem, com um pulo, ao poder, enquanto os partidos laicos ficam fazendo futrica.

Ou somem do mapa, tipo Marina Silva (que é pessoalmente religiosa, mas nunca passou isso para a política, essa é a verdade).

Minha impressão é a seguinte: o PT não diz nada de novo (exceção marginal: Haddad) faz uns 10 anos. O PSDB há 20. Poderiam juntar suas faltas de imaginação para evitar que entremos numa idade das trevas. Pelo jeito isso vai acontecer antes de 2073, o ano previsto no belo filme de Adirley.

Não sei mais o que toda essa gente quer. Essa gente dos partidos laicos, eu digo.

Eu cheguei a achar interessante a ideia de pelo menos uma aproximação entre esses partidos laicos. Mas logo esfriaram as conversas, se é que não foram boato. Essa aproximação poderia arejar um pouco esses partidos e garantir a laicidade do Estado, a sobrevivência da natureza, essas coisas.

Porque no mais seria ridículo se não fosse trágico. E porque nessa tragicomédia temos a puxar o Aloisio, com essa história de “sangrar a Dilma”. Ok. Mas a conta disso não vai ciar no colo dele. Adivinha onde vai cair?