Me parece que este foi o placar em termos de capacidade de mobilização. O um é do governo. Talvez fosse mais um zero.
O fato é que, comparando friamente as duas manifestações, a de domingo falou de maneira muito mais eloquente sobre a insatisfação sobretudo paulista com o governo, do que a de sexta-feira. E a de sexta, sejamos claros, se fez em defesa da Petrobras, da democracia, do respeito ao voto, o diabo a quatro, mas não do governo. O que indica que a insatisfação do governo está longe de ser um monopólio dos que se opõem a ele: a manifestação da sexta não foi convocada pelo governo.
Dito isso, onde fui cair no domingo à tarde? Bem, na esquina da Oscar Freire com a Pe. João Manoel. Aquilo era uma festa como nunca vi.
Mais tarde, na Globonews, o cara passava os bairros do panelaço no Rio: Botafogo, São Conrado, Alto Leblon…
Quer dizer: embora seja um movimento forte, até segunda ordem ainda não estou convencido de que seja um movimento geral da sociedade o que estamos vendo “nas ruas”, para retomar a linguagem dos comentaristas.
Ocorre que há um lado disposto a lutar para restabelecer aquele seu direito absoluto sobre os negócios nacionais, que teve até recentemente, esmagando, simplesmente esmagando, as pessoas pobres (com suas bolsas de estudo, bolsas família e o diabo), remetendo-as ao “seu devido lugar”, que elas desaprenderam a conhecer nos últimos tempos.
E os pobres estão meio encolhidos. Quem as lidera é uma chata como a Dilma, que não os empolga nem mobiliza. Pode não ser boa pessoa, mas, caramba, é muito chata. O que não significa que o governo não tenha base social representativa. Dilma não é Collor. Destituí-la por que meio seja será comprar uma briga a longo prazo. “Essa gente” não sabe mais o seu lugar.
O seu lugar
Por falar em saber o seu lugar, eis que Marta Suplicy, no outrora mais conhecida em certos meios como Martaxa, subitamente tornou-se a Marternura.
Ah, o oportunismo político é uma coisa sem fim.