O vai e vem de Paulínia

Por Folha

Vamos ver Paulínia apenas como exemplo da dificuldade que existe no Brasil para se construir políticas de Estado e não políticas de governo.


Em Paulínia há dois partidos, ou famílias ou sei lá o que, que se engalfinham a propósito do festival.

Um prefeito instaurou o festival, com polo de produção, estúdios, financiamentos, mais o festival de filmes propriamente dito, sem falar daquele teatro horroroso.


Tudo bem. Tenho a impressão de que Paulínia, por diversas razões, não é lugar muito adequado para abrigar um festival. Sua infraestrutura não é adequada: a maior parte dos convidados precisa ser abrigada em hotéis de Campinas, por exemplo. E não é exatamente o que se possa chamar de cidade turística.


Mas bancou o festival, tinha dinheiro para tanto e acabou se firmando como um ponto importante para a produção cinematográfica no Brasil.


Isso até que entrou um prefeito novo e acabou com essa história.


Aí esse prefeito caiu (ou saiu) e o novo anunciou o retorno do festival.


Aí esse novo caiu (ou saiu), e o antigo anunciou que o festival vai acabar.


Por trás das razões de cada um (a mais recente é falta de dinheiro, outras prioridades e tal) o que existe são picuinhas pessoais e partidárias.


O cara mais à esquerda quer investir mais em melhorias para a população pobre. Ok. Estou a favor. Mas não é acabar com o festival e o cinema que vai resultar em melhorias. Pode-se redimensioná-lo e tal. No entanto, a produção cinematográfica, tal como se estabeleceu por lá,tenderia a ser até mesmo um valor econômico para a população local, caso os caras parassem com essa coisa de abre festival e fecha festival.


Se fosse só lá, tudo bem. 


Novas da barbárie


Não bastasse o vergonhoso caso do ex-ministro Mantega, agora um cara, de um movimento chamado Revoltados da Internet ou algo assim resolve que pode aborrecer o ministro da Justiça em sua casa.


Se alguém reclamar é capaz de bradar contra “censura”.


A questão é outra: é de um mínimo de civilidade na discordância política. 


Torcidas de futebol são mais civilizadas do que isso.


Quem quiser protestar organize coisas decentes, vá aos lugares pertinentes, não se valha do acaso de conhecer o endereço particular de alguém para tentar impor sua vontade.


Há pouco passou na TV, no Arte1 ou no Curta provavelmente, um documentário sobre os exilados do nazismo em Hollywood. O que dizem é aterrador: no dia em que venceram a eleição que levaria seu líder à chancelaria, começaram a pegar gente na rua, agredi-las, humilhá-las.


Que dizer? A semelhança com o que já acontece aqui é terrível. O que virá se gente dessa categoria sub-humana tiver algum poder?