A notícia de que o ex-ministro da Fazenda foi acossado no hospital Einstein por um grupo de vândalos (que o mandavam ir ao SUS ou algo assim) é um dado novo no autoritarismo paulista, a mostrar as marcas profundas que a ditadura deixou e a dificuldade de conviver eu já não digo democraticamente, mas civilizadamente.
De que se acusa Guido Mantega? Nunca ouvi dizer que tivesse suprimido um clipe do seu ministério.
A culpa era ter acompanhado sua mulher a um hospital particular.
O raciocínio, se raciocínio existe, é que, tendo servido a um governo do Partido dos Trabalhadores, o ministro devia servir-se de hospitais públicos.
E o que mais?
Andar de ônibus necessariamente? Comer PF no boteco ao lado?
Bem, chegamos a um ponto de incultura (e não se trata de pobres, de torcida organizada, de nada disso) por aqui que agora já desmentimos o célebre dito segundo o qual mineiro só é solidário no câncer. Pois bem, nós paulistas nem no câncer!
Isso me parece decorrência desse polemismo mequetrefe que viceja por aí, coisa de qualidade abaixo do segundo volume morto do pensamento, mas que pauta uma montanha de castrados e, pouco a pouco, vai criando a impressão de que a realidade é isso, de que atos repugnantes como esse fazem parte da normalidade ou, pior ainda, da democracia.
São a banalidade do mal em estado puro.
O Brasil precisa tomar conta disso. Eu digo: a direita do Brasil. Precisa ter gente que pense e lidere responsavelmente, porque o fascismo (e, espero estar exagerando: o nazismo) está longe de estar morto.