Amargores

Por Inácio Araujo

Remédio amargo

A nova economia nacional trouxe de volta a expressão “remédio amargo”.

E é pronunciada com um prazer quase carnal pelos chamados especialistas.

Remédio amargo significa que os pobres vão se ferrar.

Que a classe média pode até lucrar um pouco, se tiver dinheiro em aplicações.

Que os ricos vão lucrar ainda mais.

Remédio amargo é desemprego, recessão, impostos sobre consumo etc.

Não taxação sobre riqueza, que isso não é remédio que se ofereça: seria amargo para uns poucos, especuladores, banqueiros, privilegiados em geral que vivem chorando as pitangas a qualquer coisa que aconteça.

Amargo só

Hugo Aníbal foi meu aluno no ano passado e se tornou um amigo.

Ex-advogado, acabava de renunciar à função de pastor na Igreja Presbiteriana, não por motivos doutrinários, ele me disse, mas porque queriam controlar a vida pessoal dele.

À parte a religiosidade reformista, era um nordestino alegre, comunicativo, de fala fácil, porém pertinente.

Cinéfilo de longa data, sempre tornou as aulas melhores com suas intervenções brilhantes.

Sofreu um infarto e foi levado ao Hospital São Paulo na última quinta-feira. Recebeu um stent, mas surgiram depois complicações cuja natureza desconheço.

Faleceu na sexta-feira, dia 13.

Nós brincávamos muito, pois ele era um homem de fé e eu nem tanto.

Bem, espero que Deus exista e que agora o esteja recebendo feliz.