Há duas coisas que me chamam a atenção em “Acima das Nuvens”.
Primeiro, a dificuldade que eu tive em reconhecê-lo como filme do Olivier Assayas. Ou antes, pela dificuldade em reconhecer que o problema era meu e não dele.
Seu assunto é o mesmo de quase sempre: o tempo. A maneira como monta e, sobretudo, desmonta as coisas.
Aqui, existe uma velha atriz convidada para fazer, novamente, um papel numa peça que, anos atrás, foi fundamental para a fama de que desfruta hoje.
Mas tratava-se de um outro papel. O papel que agora caberá a uma jovem estrela americana.
De novo, a América invade a Europa.
Há também a relação da atriz com a jovem e sacudida secretária: muda o tempo, mudam as cabeças, os andares, o pensar… Tudo. Tudo se torna meio inapreensível para a atriz.
Sim, se é para comparar com “Carlos” ou “Depois de Maio”, me parece certo que este é um filme de acomodação. Quer dizer, Assayas precisava de um sucesso.
E nada convém mais ao sucesso nacional e internacional, na França, hoje, do que a Binoche.
E, quer saber, eu tenho certa birra com ela. Acho que há um bom tempo ela persegue os filmes “certos”, os diretores “certos”. E emplaca com Oliveira, Kiarostami, Cronenberg… E agora Assayas. Mas não me encanta. Não consigo dizer nada contra, mas não me encanta.