Os adolescentes

Por Inácio Araujo

 

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O problema, depois de certa idade, é que não dá pra ficar perdendo tempo. Começa a se impor um sentido de urgência em nossos atos.

Assim, que me desculpem os adolescentes do mundo, mas acho “Boa Sorte” uma perda de tempo. Pouco importam os conflitos que estão ali e em mais dois mil filmes: estamos à moda brasileira, fazendo filmes que parecem saídos diretamente de um manual de cinema.

A Carolina Jabor é filha do Jabor Arnaldo, que nunca foi um cineasta quadrado. Então, que regressão é essa, de uma geração antiga a uma nova? Nossa maneira de ver o cinema, nossa, que eu digo, de boa parte dos cineastas, parece que regrediu.

“O velho é o novo”, diz mais ou menos a Marlene Dietrich na sua luminosa aparição de “A Marca da Maldade”. Será um pouco isso?

A mim cansa. Você tem bons atores, mas lhes faz dizer coisas que soam falsas. Você faz de repente um belo corte (na sequência de abertura, interrompendo a Cassia Kis), mas depois o andamento é quadrado…

A coisa não vai tão melhor assim com Jason Reitman, que faz uma espécie de mostruário de monstruosidades em seu Homens, Mulheres e Filhos.

Há a garota que quer virar celebridade, a anoréxica, o rapaz que não consegue se relacionar com garotas vivas, o casal infeliz, a mãe controladora meio psicopata, a mulher que procura encontros fortuitos e o marido que vai atrás de pornô e prostitutas.

E depois vem o teclado, o facebook, o game: ou seja, uma corrida à atualidade, assim como “Boa Sorte”, mas, nesse sentido, mais oportunista, pior.

Então, no frigir dos ovos, fico com o Nós Somos as Melhores, com três garotas que destoam da média, que buscam seu caminho de maneira bem pessoal, mas são, no fim das contas, normais.

O filme às vezes é meio barulhento, mas isso passa. Porque o normal, a pessoa comum, é mais interessante do que o “caso” (clínico ou social).