Não sei, não me entendo com o cinema de Gabriel Mascaro, que fascina tanta gente.
Primeiro vi aquele filme das pessoas que moram nas coberturas de Recife e achei tremendamente autoritário. Era uma espécie de pegadinha para mostrar aquelas pessoas da maneira mais incômoda possível, já para não dizer ridículas.
Talvez sejam, até. Mas, de um ponto de vista estritamente ético, terá alguém direito a expô-las dessa maneira?
No filme seguinte, o “Doméstica”, ele entregava a câmera a garotos da família para filmarem suas domésticas e, de certo modo, para que se expusesse o tipo de relação existente entre patrões e empregadas no Brasil, ou em Pernambuco.
Parece bastante democrático, mas vejo aí dois problemas insolúveis. O primeiro deles é o diretor eximir-se, como se não fosse dele o olhar, e sim de quem faz a filmagem. O segundo problema é que o filme passa por uma montagem. E quem monta? O olhar é a montagem. A montagem não sendo dos que filmam, é de um outro que se impõe a ele.
Tomei esses dois filmes como momentos de amadurecimento de um diretor ainda incompleto, que buscava exprimir seus sentimentos sobre os abismos de classe brasileiros, mas de maneira um tanto desencontrada.
“Ventos de Agosto”, que chegou cheio de prêmios e prestígio é uma ficção e me decepcionou bastante. Me pareceu uma mistura de estética Massaini com “Brasil verdadeiro” que marca alguns filmes cá de Rio/SP, mas que não tinha visto no Nordeste.
Um milhão de vezes mais interessante é O Exercício do Caos, do Frederico Machado, de quem não vejo se falar tanto.
Enfim…