Jogos de exclusão

Por Inácio Araujo

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Está claro que Jogos Vorazes não é um grande filme.

Mas foi um “fenômeno”, como se diz. E agora há sequências ocupando (desgraçadamente) uma quantidade imoral de salas brasileiras.

O que posso entender é o interesse de adolescentes por isso. Trata-se de uma saga que remete a mitos clássicos (o Minotauro), realidades idem (Roma e seus gladiadores), às ditaduras modernas (a tendência ditatorial) etc.

Grupos de jovens são selecionados para combates mortais, são os dotes que os antigos revoltosos têm de oferecer ao governo central depois da derrota.

Não espanta que a garotada fique ligada nisso: há injustiça, opressão e essas coisas de sempre. Mas trata-se, mais que isso, de um jogo de exclusão, como esses da TV, como esses “reality shows”. O melhor personagem, aliás, é o apresentador da TV, o Pedro Bial, deles, que é o Stanley Tucci.

O problema é que em 5minutos o sentido já está lá, resolvido, o que torna ver o filme tremendamente monótono (não me esperem para esses que estão chegando). A realidade que espera a garotada de hoje é meio essa: a de luta mortal por um lugar no mundo.

Segue-se, claro, que o próprio desenrolar do torneio engendra reações negativas nesses distritos outrora revoltosos, distritos proletários, pelo que entendi, e daí a trama está relançada, etc. etc.

É chato, no sentido de coisa com evolução muito banal, muito previsível, com sentido dado desde o início. Mas quem tem 12 anos, não sei como vê as coisas. Ele as pressente, de qualquer maneira.

O princípio do reality show, de todo modo, é o que está lá. A diferença é que matam. Mas o futuro, no caso, está bem aí no nariz: a TV, a exclusão por vários métodos, etc.

Boa sorte, como diz o apresentador não sem algum sarcasmo.