Mike Nichols

Por Inácio Araujo

mike-nichols

Mike Nichols ganhou um Oscar (no setor premiação levou de todos os tipos: Tonys e tudo mais).

Ganhou por um filme que, visto hoje, parece pouco impressionante, meio morto, acomodatício numa época revolta.

Mas não é isso que conta, ou isso conta muito menos que um conjunto de carreira sensacional na média. Não acertou sempre, é claro, mas quando acertou foi marcante e propiciou muitos prêmios a seus atores, sobretudo, e técnicos.

Era um soberbo diretor de atores. Quando penso no que unifica seus filmes, no que aproxima uns dos outros, apesar das temáticas distantes, me parece que é o amor que tinha pelas pessoas, pelo senso de observação, que transferia para os atores, a quem também parecia amar de modo profundo.

Também havia nele um gosto por buscar algo inesperado, algo que todo mundo queria ver, mas não sabia que queria. “Carnal Knowledge”, tão ousado na abordagem da sexualidade (e dramático, não banalizava nada), “Uma Secretária de Futuro”, em que toca o arrivismo, a necessidade de destruir para vencer, ou “Jogos de Poder”, em que mostra agentes secretos bem diferentes do que o cinema tem mostrado, um deputado fora do comum e,sobretudo, a ação deles todos para que os EUA ganhassem o Afeganistão. E depois a maneira como deixaram tudo se perder.

Em cada filme desses (há outros) há reflexão, algo a dizer. Nichols foi menos apreciado, me parece, do que merecia.