Há uma coisa que às vezes é simples para quem escreve e outras vezes não é.
Não falei muito bem do “Trinta” e no entanto me parece um filme que outras pessoas, que uma parte significativa do público pode ver sem se aborrecer, não sendo no entanto um filme no modelo estético Globo.
É no modelo estético americano. Filme de roteiro e de ilustração do roteiro.
Eu acabei dizendo que era “bom”.
Mas que dizer do novo “Drácula”, “Dracula Untold”, a história das origens do vampiro? Há ali aquela enxurrada de ação sobre um fundo cor de cobre, sendo que na frente há uma pilha de guerreiros mais ou menos da mesma cor. Eles brigam o tempo inteiro, ou quase, e de modo geral à noite ou perto da noite.
Ação muita como em outros filmes: mil cortes, pouco a dizer.
É como se a morte não fosse nada, não significasse nada.
No meio disso tudo, a história do príncipe Vlad, com sua Transilvânia atacada pelos turcos o tempo todo. Sobram bravatas de todo lado, está visto.
Mas tudo isso é para esquecer antes do filme terminar.
O que me impressionou é que tudo o que Vlad faz, inclusive tornar-se o vampiro que conhecemos, ele o faz em nome da família. É a família que vale. A Transilvânia é uma família remota.
E no meio disso há o principezinho, menino, vendo toda essa violência. O que se passaria na cabeça dele? O filme não se detém de modo minimamente interessante sobre o assunto, mas foi a única coisa em que pensei.
Vendo tudo isso e tal teria o menino ficado traumatizado e tal?
Para voltar ao problema inicial: perto disso, “Trinta” é isso mesmo: “bom”.
Ou, para resumir: 2014 é um ano de amargar.