Fico meio perdido no meio dos filmes, continuo perdido, quer dizer.
Mas Victor Erice e Manoel de Oliveira são valores absolutamente seguros.
A obra quase completa de Erice, os três longas que passaram, vão ficar muito tempo na memória de quem os viu (eu não revi o Sol do Marmelo, mas não se pode ver tudo na vida).
Já “O Velho do Restelo” volta à temática da perda. Perda ou derrota. Agora com Camões ladeado por Cervantes. Lusíadas e Quixote.
É a perda do domínio português depois de d. Sebastião. E do fim da supremacia da Península Ibérica com a derrota da Invencível Armada.
Um diálogo entre os escritores (na verdade, Cervantes mais escuta). E também Camilo Castelo Branco, e mais um que eu não sei dizer quem era.
Em parte é da crise europeia batendo forte na Península Ibérica que pensa o grande mestre. Crise sem fim. Nova derrota.
Mas que força, que simplicidade na beleza.
Usa antigos filmes que fez e mais um Quixote do Kozintzev, de 1957. Não o total, não sei o que e, mas as partes que Oliveira selecionou são espetaculares.
Problema: aos 19 minutos maravilhosos de Oliveira seguiam-se os infinitos minutos de Alentejo, Alentejo. Saí antes do fim, mas fiquei mais do que devia.
Caixa Belas Artes
Não gosto apenas do nome. O melhor seria “Belas Artes Caixa”. Quando vejo o nome Caixa na frente penso logo naquela Caixa da Praça da Sé.
Se fosse Belas Artes Caixa seria melhor, penso eu.
Para resumir: O Belas Artes anuncia um belo programa chamado “O verão está chegando”. Do que está programado vejo dois filmes excepcionais, para rever mesmo: A Morte em Veneza, do Visconti, e O Joelho de Clara, de Rohmer.
Esses são para não perder.