Pancadarias

Por Inácio Araujo

Monjas rezando

Todos parecem se escandalizar com a pancadaria entre os candidatos a presidente, especialmente a que se deu no debate mais recente, do UOL/SBT.

No entanto, não consigo me lembrar de uma argumentação, de uma frase, de uma acusação que não tenha sido divulgada antes em algum veículo de comunicação – de qualquer espécie.

Ou seja, o nível a que os candidatos supostamente desceram não é outro senão o nosso, brasileiros, que há tempos cultivamos a ideia de que homens públicos não têm vida pessoal, que nos deleitamos ao saber detalhes menos engrandecedores de suas biografias.

Tratamos os políticos como uma espécie à parte (“corrupta”, ao contrário de nós, esses poços de honestidade) durante quatro anos e parece que esperamos freiras de convento na hora do debate.

À reverência com que esses seres são tratados sempre que se tem necessidade deles (reverência no caso equivale a puxa-saquismo em relação ao poder) corresponde uma hostilidade igualmente desproporcional nos momentos em que se acham um tanto indefesos (véspera de uma eleição complicada como essa).

De todo modo, me parece infundada a comparação entre as acusações agora ocorridas e aquelas de Collor em 1989. Nada a ver mesmo.