Três violências

Por Inácio Araujo

SEM-PENA

1. A do novo “Sin City” é puramente gráfica, e o encanto do filme vem, basicamente, da fusão do preto e branco com as cores, que entram meio aleatoriamente, mas sempre muito vivas.

Há quebra-pau às pencas, evocações do filme noir, com suas mulheres fatais, cabarés etc. Me lembrou um pouco o “Roger Rabbitt”, que para falar a verdade me interessou mais. Aliás, esse aqui me interessou mais do que o primeiro. Talvez seja o cinema que andou de lado. Talvez seja eu que andei pra trás.

2. Miss Violence pode ser até bem representativo da desagregação que a crise econômica produziu na Grécia. Mas essa desagregação, me parece, atinge antes de tudo o filme.

Não é a tragédia em si: o filme parece se comprazer na violência da situação, que é tanto moral quanto física.

3. Sem Pena não é filme fácil de assistir, nem tanto pela forma quanto pelo conteúdo. É um filme que deve ser visto sobretudo por essa gente que acha que presídio é uma espécie de resort, um tipo de prêmio para quem pratica crimes (ou mesmo é suspeito de…).

Uma pena que esses, justamente, não serão os espectadores. Não que se deixassem convencer de que a cadeia, em boa parte dos casos, é uma catástrofe. Mas pelo menos saberiam um pouco do que acontece por lá e não poderiam falar as barbaridades que falam.