Ecos de Brasília

Por Inácio Araujo

Não fui ao Festival de Brasília (não vou há anos, para ser bem claro), mas não entendi muito bem o que houve por lá.

Os seis diretores (ou produtores?) dos longas decidiram previamente dividir o prêmio em dinheiro de melhor filme, que é uma boa nota, R$ 250 mil.

Não entendi a razão, mas se eles acharam melhor assim, tudo bem.

Esse prêmio desproporcional existe por conta da concorrência atual dos festivais mais ricos pelos melhores filmes.

Brasília optou por filmes onde não havia atores profissionais, segundo entendi do que escreveu Maria do Rosário Caetano no seu Almanakito.

Não tenho nada com isso, mas a Rosário não gostou que fosse assim. Disse que havia uma moça da Globo com a função de peneirar atores novos para a estação e só havia “naturais”.

Mas isso me parece um problema bem lateral.

Também acho que, na medida do possível, festivais devam expressar o conjunto da produção, dos filmes de mais orçamento aos mais modestos.

Ocorre que, nos últimos anos, temos visto os filmes mais modestos, às vezes muito modestos, chamarem mais a atenção do que os filmes com melhor produção.

Os filmes de melhor produção deviam se esforçar (digo isso sem saber quem fez a seleção, nem se fez direito – isso é outro problema) para ter uma repercussão melhor.

É isso. A mim, o que chama a atenção, quase sempre, são filmes modestos, como este “Jardim Europa”, como os filmes de Pernambuco e tal.

Agora, a moça da Globo, paciência: são os ossos do ofício. O cinema não nasceu para fornecer novos atores à Globo.