Passei outro dia em frente da HM Vídeo.
Está vendendo todo o acervo e passando o ponto. Era uma boa locadora, menos que a 2001, mas boa. E muito bem localizada, na Praça Vilaboim, em Higienópolis.
Mesmo na era do filme baixado, dos piratas vendendo discos (em geral ruins) por bagatela, ela sobrevivia: Higienópolis é um bairro conservador, com alto índice de terceira idade e riqueza.
Quer dizer, pegar filme na locadora era para esse público um passeio, uma festa a bons preços.
Quem poderia imaginar há dez anos que uma locadora como essa poderia fechar?
Vivia-se o tempo daquela superlocadora americana. Muita coisa fechou por conta dela, mas não as boas locadoras.
A superlocadora, aliás, fechou. Talvez por pressentir que o negócio não tinha enorme futuro, sei lá. Mas fechou, isso é certo e significa algo.
Há alguns anos, o Fred da 2001 já disse que o negócio não tinha futuro. E olha que ele também tinha a venda de DVDs, era um aspecto forte da 2001.
Bem, ele já vendeu a parte dele e partiu para outra.
As locadoras podem resistir à concorrência americana (se são boas), à propaganda gratuita que elas recebem da mídia, podem resistir ao Torrent, mas não resistem ao Netflix, à venda de material on line.
Há uns tantos anos, o home vídeo era soberano. Foi destroçado pelo DVD. O blu Ray não foi muito longe. A nova era é da venda on line.
O cinema, de morte anunciada há 50 anos, não morreu. Assim como o teatro, de morte anunciada há um século.
As tecnologias passam. As artes permanecem.
Pelo menos é o que parece.