De tanto que falaram mal, fui correndo ver o “De Menor”, estréia de Caru Alves de Souza.
Bem, para começar, o título é realmente horrível. Paulista.
Mas o filme é muito melhor do que ouvi dizer. Começa, aliás, prometendo muito: uma mulher entra na própria casa. À medida que se apropria do espaço, vai se tornando mais sensual. Deita-se na cama. Vê-se, através da porta do box do banheiro que um homem toma banho.
Depois, mulher e homem se acomodam de maneira muito familiar. Quem serão eles? Qual a relação entre eles?
O filme instaura essa ambigüidade. E saber que são irmãos não a diminui nem restringe. Ao contrário, há algo de incestuoso nisso tudo.
Depois passaremos a ver a mulher em ação profissional: trabalha na Defensoria Pública. Defende menores infratores.
Até aí a coisa vai bem como roteiro. Perde a rota quando transforma a revolta juvenil do irmão (ele é um adolescente) num problema gigante.
Até então, tínhamos um filme sobre irmãos. Algo que podia lembrar “Dois Destinos” do Zurlini ou algo assim.
A partir de então consolida-se o “filme de grande tema humano”: séeeeeerio. O que é uma pena.
O filme alterna altos e baixos. Não raro isso parece matemático: uma sequência boa, uma ruim etc.
Uma me desperta. Na outra dá para bocejar.
E a marca central do cinema paulista: a absoluta falta de humor, o cuidado total em ser séeeeerio.
Dito isso, me pareceu uma estréia bem animadora, com energia (me lembrou a estréia da mãe dela, a Tata, com igual sinceridade, se bem que mais contida), que merece atenção.
Gosto dos atores centrais. Gosto mais ainda dos meninos que fazem os menores problemáticos. Que grande personagem poderia ser o juiz de menores, que apareceu apenas sentado em sua cadeira de juiz.
Me pareceu um filme que não explora devidamente os exteriores (e Santos é uma paisagem fascinante), só a praia: talvez seja falta de dinheiro, a produção é claramente modesta, mas, certo ou errado, senti assim.
É a conferir.