Há uma coisa que eu gosto nos filmes de Woody Allen, que são as aberturas. Sempre o mesmo tipo de letra, o mesmo tipo de música.
Mas não necessariamente o mesmo tipo de filme.
Em alguns, como “Magia ao Luar”, o tema é a arte e o artista.
Ou antes, a dúvida: será o artista um charlatão?
Eis a questão que o ilusionista coloca. Ele é um ilusionista racionalista. Esse o principal traço de humor do filme.
Ele adora desmistificar os que se pretendem videntes ou coisa assim.
Como a garota que, no momento, faz um sucesso tremendo na Riviera Francesa, com os ricos locais.
E está lá para arrancar-lhes o dinheiro, claro.
O problema é que a garota começa a revelar segredos fabulosos sobre a vida do próprio mágico.
Será ela verdadeira?
É a angústia de todo artista: será ele uma mera fraude?
A crítica americana encaveirou o filme. Eu gostei, e muito.
Gostei também da entrevista que o Lucas Neves fez para a Folha.
Woody diz que precisa fazer filmes para não se aborrecer, para não pensar na condição humana e tal.
Deve ser, antes, para não pensar na perseguição implacável que lhe movem Mia Farrow, prole e, claro, a imprensa moralista. Mágico é sobreviver a isso.