O Mal amado – cap. 2

Por Inácio Araujo

Ninguém gosta do Haddad. Os inimigos do PT porque ele é do PT. Os caras do PT porque ele não é suficientemente do PT. Os choferes de táxi porque não gostam de nenhum prefeito.

Bem, acho que por tudo isso mesmo eu gosto do Haddad.

São Paulo tem isso: vive falando mal dos políticos.

Mas se um prefeito não é político, quer dizer, diz que vai fazer uma coisa e faz é aquele deus nos acuda.

Todo mundo acha que precisa melhorar o transporte público.

Mas não com faixa para ônibus.

Antes de fazer a faixa tem que melhorar os ônibus antes.

E pronto: entramos naquela história do ovo e da galinha.

Agora vai começar o drama com as faixas de bicicleta.

Já avisei pra um chofer de táxi: – Se prepare que daqui por diante vai piorar. Isso é mundial.

E agora já começou a ameaçar com o fim do Minhocão.

Que fará o paulistano sem Minhocão?

A cidade corre o risco de ter, novamente, um Centro.

E o paulistano já se acostumou a ser acêntrico.

Então eu devo dizer que estou com os 13% que aprovam o prefeito.

E que espero que ele faça um monte de coisas irreversíveis antes de um demagogo qualquer virar prefeito, na próxima eleição.

Porque o paulistano é esquisito: adora um Maluf, um Adhemar, um Jânio… Uns caras que em geral falam muito mais do que fazem, e quando fazem o que era melhor não ser feito.