Os mal-amados

Por Inácio Araujo

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O primeiro, Robin Williams: preferência sempre para quem faz a chamada última viagem.

Podia ser adorável e detestável. Detestável quando o papel explorava esse lado chorão, sentimentalóide que caracteriza tantos de seus personagens.

Inclusive aquele professor sabidão de “Sociedade dos Poetas Mortos”. Ninguém sabe nada. Quando acredita que sabe a pessoa está preparando uma catástrofe.

Mas ali não era o jeito choramingas o problema. Robin estava bem: problema era o filme.

Outro papel em que está insuportável, aos meus olhos, é no de psicanalista de “Gênio Indomável”. Novamente o papel o enterra (o enterra, eu digo? O cara ganhou Oscar e fico eu aqui, que na sou ninguém, dizendo que foi enterrado pelo papel). Psicanalistas americanos são “o sujeito que sabe”, não “o sujeito suposto saber” do Lacan.

É o sabe-tudo, o que resolve tudo, o que escuta com a paciência de quem tem resposta e solução para tudo. Quem o professor da “Sociedade dos Poetas”, mais ou menos.

Já o tão mal falado “Popeye” de Robert Altman eu acho ótimo. Faz tempo que vi, não lembro mais direito, mas era muito agradável, muito bom, próximo do personagem dos quadrinhos, mas mantendo sua personalidade própria (o filme, eu digo).

O melhor Robin Williams, para mim, ainda é o de “Uma Babá Quase Perfeita”. Aquele travesti é absolutamente irretocável. Ele não choraminga: não tem tempo para isso, precisa sempre manter a aparência de governanta alto astral, tanto para a mulher como para os filhos. Sofre pacas, mas em silêncio. A seco. Quando eu vi deixei de lado qualquer dúvida: aquele cara era um ator de primeira confinado em um estereótipo (o do homem sensível) boboca. É assim que se ganha a vida em Hollywood. É assim também que se morre.

Esperemos pelo magnífico próximo filme de Cronenberg, que fala bem dessas coisas.

P.S. – O segundo mal-amado fica para amanhã.