Revi, finalmente, “O Samurai” de Jean-Pierre Melville, que saiu em DVD, cópia novinha, zero bala, com extras interessantes, como a entrevista em que Delon crava, sem qualquer dúvida, que Melville é o melhor diretor com quem já trabalhou.
Para quem já estivera em filmes de Visconti e Antonioni, não é pouco. E ele diz que Melville era o melhor diretor, fotógrafo, enquadrador… O melhor tudo.
Há uma identidade profunda entre ambos. E pelo menos num momento a fotografia do filme fica meio assim-assim, num momento de uma sombra tripla horrorosa. Não sou fotógrafo. Eles veem isso muito melhor. Mas essa era muito pesada.
O que, aliás, não diminui o filme em nada. O Samurai é, como ambos definem, um tratado sobre a solidão, a partir de um assassino profissional que passa a ser perseguido tanto pela polícia como por aqueles que o contrataram.
É impressionante como Melville é eficaz: a longa cena de reconhecimento na delegacia é, para mim, o momento em que o filme se define, onde se joga sua sorte. E Melville a constrói tensa, mas não demais, longa, mas não demais, sórdida, mas não demais.
Nunca, nunca temos a impressão de conhecer os personagens. Quanto mais evolui a história, parece que menos os conhecemos. No entanto, nos envolvemos de maneira profunda com o que vemos.
Um policial clássico e com classe.