Freda no Brasil e Lubitsch na Grande Guerra

Por Inácio Araujo

Com a generosidade e a  erudição de sempre, João Carlos Rodrigues esclarece minhas dúvidas: o que fez Riccardo Freda, cineasta de enorme sucesso na época, desembarcar no Brasil no final dos anos 1940?

Bem, existe um longo e precioso artigo dele numa Filme Cultura (nova fase, enterrada na gestão Marta Suplicy, diga-se de passagem) a respeito.

Em resumo, Freda veio aqui para filmar um Carlos Gomes (a parte brasileira) e acabou rodando “O Caçula do Barulho”. João Carlos manda, inclusive, dois trechos em VHS do Caçula, que não posso inserir aqui por razões de direitos.

Mas aconselho correr ao blog dele: se não estiver uma cena deste haverá sempre alguma outra preciosidade que ele levanta no Youtube ou ailleurs.

E AINDA O LUBITSCH RITROVATO

Uma coisa que esqueci de dizer antes: quanto a 1914, foi de modo geral decepcionante.

Salvou-se um Lubitsch notável sobre um soldado francês que mata um soldado alemão na Primeira Guerra e se sente um assassino. Ele vai à igreja confessar. O padre diz: “Matou na guerra? Então você é inocente.” “Isso é tudo que a igreja pode me dizer?”, pergunta o rapaz indignado.

Resultado: ele vai à Alemanha em busca da família do alemão para se desculpar. Mas não tem coragem de se desculpar.

Copm Lubitsch é talento do começo ao fim, mesmo com um assunto tão pouco lubitschiano. É para não esquecer: um desfile militar numa grande avenida de Paris enquadrada a partir das pernas de um homem (isto é, atrás delas). Só que ele só tem uma perna. A segunda é a muleta. O desfile corre por baixo desse vão.

Muito mais virá, claro.