Todo mundo viu Angela Merkel sorridente e Dilma tensa e dura na tribuna. A segunda postura é esperável: vaias, xingamentos, coisas de que nem vale a pena falar.
Mas me lembram uma citação que faz o Godard no “Adeus Linguagem”: esquerda e direita trocaram de lugar; o alto e o baixo continuam” (isso se compreendi bem o que foi dito, mas a ideia, creio, era essa).
O fato é que a Alemanha deu um banho de marketing, o que percebi quando vi os mais fortes comentaristas que sigo na TV (José Trajano e Juca Kfouri) babando de admiração por mais ou menos tudo que os alemães fizeram aqui.
Isto é: o jogo no campo era apenas um detalhe – para falar parreiramente.
Merkel não veio aqui para ver um jogo de futebol. Isto é certo. Mas também estava se mostrando na TV da Alemanha. Veio conversar, é claro. Porque a operação de marketing deve ter sequência nos negócios.
E que tal falar de espionagem? Terem sido seguidas por Obama na intimidade as aproxima.
E, mais que isso, serve para aproximar Brasil e Europa. Porque ninguém duvida de que Merkel é quem manda na Europa.
Então, toda essa relação que o time alemão estabeleceu com o Brasil, todo esse entendimento do Brasil, como disseram, supõe uma inteligência que vai além do próprio jogo: fitinhas baianas, encontros com índios, cantos brasileiros, camisa do Flamengo…
Isso cria uma empatia que vai além do esporte. Não vi ninguém mais fazer isso. Os outros cuidavam do seu futebol e ponto.
A Alemanha teve uma ação original e inteligente: fortaleceu relações e vendeu-se internamente. Foi a primeira Copa ganha pela Alemanha unida.
Quanto a nós… Bem, o único produto brasileiro que vi à venda na Europa, com referências à Copa foi Havaianas. Com todo respeito, em matéria de diplomacia, marketing e negócios (o que envolve Estado e iniciativa privada) levamos também de 7 a 1.